Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Tecnologia
20/10/2025 15:00
O Prêmio Nobel de Economia de 2025 reconheceu três estudiosos que reafirmam o fundamental: a inovação é o principal motor do crescimento econômico. Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt mostraram que o avanço tecnológico é o que transforma a produtividade, as empresas e o bem-estar das sociedades. Mais que uma honraria acadêmica, o Nobel deste ano é um recado ao mundo: no século 21, inovar é o novo verbo do desenvolvimento.
Vivemos uma mudança de paradigma. A inteligência artificial (IA), a biotecnologia e a digitalização redesenham indústrias, profissões e governos. Não basta acumular capital e trabalho; é preciso reinventar a forma de produzir, de pensar e de competir. A inovação é o elo entre conhecimento e prosperidade.
Joel Mokyr lembra que a inovação não nasce do nada. Ela depende de sociedades abertas, que valorizam o saber, toleram o erro e premiam a curiosidade. Países que sufocam a criatividade, desvalorizam a ciência ou punem o risco jamais serão inovadores. Afinal, o progresso técnico é tanto cultural quanto econômico e exige instituições que incentivem a liberdade de pensar e de criar.
A história recente comprova isso. A Coreia do Sul apostou na Educação Técnica e Científica e criou uma geração de engenheiros e de empreendedores que transformaram uma nação agrícola em potência tecnológica global. A Índia, com sua massa de engenheiros e de programadores, consolidou-se como polo mundial de tecnologia e de startups.
Já os países escandinavos construíram ecossistemas de inovação baseados em confiança social, colaboração e sustentabilidade. Trata-se de um modelo em que governo, empresas e academia atuam de forma integrada, na lógica da hélice tripla em que o conhecimento universitário, a política pública e o investimento privado se retroalimentam.
O Brasil, por sua vez, tem oportunidades únicas. Somos uma potência bioenergética e ambiental, com vastos recursos naturais, matriz elétrica limpa e o maior patrimônio de biodiversidade do planeta. Iniciativas como o RenovaBio, os programas do Sebrae de transição verde para as micro e pequenas empresas, o avanço do etanol de segunda geração e os Projetos de Hidrogênio Verde mostram que há caminhos promissores.
Contudo, falta um movimento estratégico e coordenado que conecte ciência, mercado e sustentabilidade, transformando as vantagens naturais do País em benefícios tecnológicos. Inovação, afinal, não é acaso - é estratégia nacional.
E, temos de admitir: ainda somos uma economia excessivamente dependente de setores tradicionais, que pouco convertem ciência em produto e tecnologia em valor. Por aqui, faltam incentivos, também, à segurança regulatória e à experimentação do risco.
O Nobel de 2025 deveria servir como espelho: governos que investem em inovação crescem; os que hesitam, estagnam. Governar, neste novo tempo, é também criar condições para o novo. É apoiar startups, modernizar serviços e aproximar universidades e empresas.
O futuro não será construído por quem tem mais recursos, mas por quem tem mais ideias. Inovar, hoje, é mais do que competir: é sobreviver, inspirar e transformar.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
Temas