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Segurança pública

Operação policial no RJ: o aplauso à barbárie, o grito de socorro de um país cansado e a falência do sistema

O apoio popular à força bruta revela a falência silenciosa do Estado e a urgência de um pacto nacional pela segurança e pela dignidade.

Paulo Serra

Paulo Serra

6/11/2025 12:00

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A recente operação policial no Rio de Janeiro (RJ), que deixou, ao menos, 121 mortos, e que está sendo amplamente aprovada pela população, segundo recentes pesquisas de opinião, escancara dura realidade: chegamos ao limite da tolerância com o caos. O apoio quase unânime, mesmo diante de medidas extremas e controversas, mostra o tamanho da desesperança e da desconfiança nas instituições. O aplauso à força bruta revela, antes de tudo, a falência silenciosa do nosso sistema.

O Brasil assiste, há décadas, ao avanço da criminalidade como se fosse um fenômeno natural, incontrolável, fruto do acaso. Mas a violência, sobretudo a resultante da atuação do crime organizado, é sintoma, não causa! É reflexo de cidades que cresceram sem planejamento; de um sistema judiciário que não pune com eficiência; de políticas públicas descontinuadas; e, por fim, mas não menos importante, da ausência de integração entre os poderes constituídos.

Quando a sociedade começa a enxergar em ações militares a única saída possível para a resolução do problema, é sinal de que o Estado já perdeu boa parte de sua capacidade de governar o território pela via civil.

A aprovação da operação no Rio mostra o desespero de uma população que já não confia nas instituições civis.

A aprovação da operação no Rio mostra o desespero de uma população que já não confia nas instituições civis.Egberto Ras/Agência Enquadrar/Folhapress

Hoje, a impunidade, que, inclusive, corrói a confiança na Justiça, soma-se à desigualdade urbana e social, que empurra gerações inteiras para a marginalidade. Enquanto o poder estatal se retrai, o crime se organiza, ocupa espaço e cria sua própria ordem à margem da lei. E, quando o Estado finalmente reage, é reconhecido como herói, mesmo que suas armas não resolvam a problemática na origem. Pergunto: a ação deflagrada na semana passada, no Complexo do Alemão, no Rio, melhorou em quanto a segurança naquela região, de lá para cá? O tráfico chegou ao fim? As facções interromperam suas operações? A resposta é não!

O que vemos é consequência de anos de negligência. Falta de legislação mais eficaz? Talvez. Mas ausência, sobretudo, da aplicação coerente e justa das leis já existentes. Falta integração entre as Forças de Segurança, o Ministério Público (MP), o Judiciário, políticas sociais e o planejamento do território urbano, assim como coordenação entre União, estados e prefeituras para atacar os fatores que alimentam o crime.

Segurança pública, importante que se diga, não é somente sinônimo de repressão. A violência não se combate apenas com armas, mas com prevenção, oportunidades, Estado presente, ações judiciais céleres e políticas urbanas e sociais que devolvam dignidade aos territórios esquecidos.

O que se vê no Rio é o retrato de um país cansado, que perdeu a fé nas soluções democráticas e que acredita que só o enfrentamento imediato pode trazer alívio.

Se há algo que essa operação policial nos revela é a urgência de um novo pacto nacional que vá além do improviso e da resposta imediatista. Uma medida que recoloque o poder público no centro da vida comunitária, não apenas com fuzis em punho, mas abarcando escolas, atividades culturais, atendimento médico digno e mais empregos.

É hora de encarar o problema com coragem e inovação, de reconhecer que insistir nas mesmas fórmulas falidas significa perpetuar a barbárie. O que está em jogo não é apenas a paz nas ruas, mas, também, a própria credibilidade do Estado Democrático de Direito.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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