A Polícia Federal (PF) revelou hoje (23) que a quadrilha que fraudava, em cidades do Norte Fluminense, o sistema de concessão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), desviava parte das verbas irregulares para partidos políticos em campanha no Rio de Janeiro. Segundo a PF, já foram presas 31 pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha, desbaratada pela Operação Balaiada, que teve início em abril de 2007.
Segundo o superintendente da PF no Rio, Valdinho Caetano, médicos, advogados, policiais, servidores públicos, vereadores e até o presidente da Assembléia de Bom Jesus de Itabapoana (RJ) – que seria o núcleo da quadrilha –, João Batista Chaves Magalhães (PMDB), integravam a quadrilha, que operaria desde 2004 e já teria desviado R$ 30 milhões (dos quais R$ 11 milhões já confirmados).
Com base em informações apuradas durante a Operação Balaiada, Valdinho calcula que cerca de 10% da população do município fluminense – com cerca de 32.231 habitantes – tenha sido beneficiada pelo esquema de fraudes. Seguindo o superintendente, a prática criminosa era algo banal na cidade. "A coisa era tão comum que, nas escutas telefônicas, um médico alerta a um político que a prática era visível, e que iria acabar em prisão", declarou o delegado.
Ainda segundo informações da PF, as fraudes tinham como base a concessão de aposentadorias por invalidez e auxílios-doença a cidadãos sem qualquer tipo de problema de saúde – muitos dos quais servidores lotados em órgãos públicos de Bom Jesus. Além das fraudes administrativas, o dinheiro era também repassado a políticos em campanha.
A operação teve início quando um trabalho conjunto do PF e do INSS constatou a alta incidência de concessões de benefícios sociais. Além de Bom Jesus de Itabapoana, outros municípios da região estavam no circuito de beneficiados pelo esquema, como Apiacá e São José do Calçado. (Fábio Góis)