Integrantes do Conselho de Ética declararam que o depoimento prestado hoje pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP) ao colegiado não foi convincente. O deputado Orlando Fantazinni (PSOL-SP) afirmou que o petista não foi claro ao tentar explicar o pagamento pelos serviços da empresa Datavale, que fez quatro pesquisas de opinião, em 2003, quando o diretório regional do partido em São Paulo se preparava para as eleições municipais do ano seguinte.
"Eu ainda não me convenci sobre a explicação do dinheiro. O dinheiro saiu supostamente do diretório nacional do PT, mas João Paulo não sabe se foi contabilizado ou não, e ele também não contabilizou, não deu justificativas formais ao diretório", afirmou o ex-petista.
João Paulo é um dos 11 deputados apontados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão como beneficiários do valerioduto e que respondem a processo no Conselho. Em 2003, a mulher do petista, Márcia Regina Milanesi, sacou R$ 50 mil da conta da SMP&B, agência do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Segundo o deputado, o dinheiro foi utilizado para pagar as pesquisas. Na época, João Paulo era o coordenador das campanhas municipais do PT na região de Osasco (SP).
Ao responder à deputada Ann Pontes (PMDB-PA), o petista admitiu ter errado ao não registrar os pagamentos na prestação de contas do PT. Ele disse o débito não foi contabilizado porque as notas fiscais das pesquisas estavam em seu nome.
O petista apresentou as notas à comissão. A primeira, no valor de R$ 30 mil, foi emitida em 10 de setembro de 2003 e tem a numeração 151. A segunda, de R$ 11 mil, é datada de 30 de setembro e tem número 152. A terceira, de R$ 10 mil, foi emitida em 19 de dezembro e tem número 153.
"Eu não me dei conta na ocasião dos problemas contábeis, da burocracia. Não levei ao diretório nacional, mas eu sou uma pessoa que gosta de corrigir os meus erros. O que faço para corrigir esse erro?", indagou João Paulo.