A oposição criticou nesta sexta-feira o que ela chama de uso eleitoral do presidente Lula da inauguração da plataforma P-50 da Petrobras, na Bacia de Campos (RJ), que garantirá a auto-suficiência brasileira de petróleo. PFL e PSDB bateram duro em Lula, ao considerar que o presidente - ao alardear a autonomia do país em petróleo - usa a estatal, em desrespeito ao dinheiro público e aos acionistas.
"As mãos sujas de petróleo que ele (Lula) mostrou são as mãos sujas da corrupção generalizada do governo do PT", atacou o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). "É uma pré-campanha deslavada, um escárnio", completou o presidente do PFL, partido que tentou barrar, sem sucesso, a veiculação da propaganda sobre na mídia auto-suficiência de petróleo da Petrobras na mídia.
Os pefelistas vão analisar outra forma de contestar o que eles consideram utilização indevida da estatal. Entre as sugestões, segundo o líder da oposição, senador José Jorge (PFL-PE), estão entrar com recurso na Justiça Eleitoral ou apresentar uma representação contra Lula na Comissão de Ética Pública da Presidência da República, responsável por averiguar a conduta de agentes públicos.
O presidente do PFL ainda criticou a imitação feita por Lula de Getúlio Vargas - ambos vestiram macacões da estatal e sujaram as mãos de óleo para comemorar realizações da estatal. "É a fotografia da corrupção", afirmou Bornhausen, lembrando que toda a propaganda custou R$ 37 milhões e foi produzida pelo publicitário Duda Mendonça, que está sendo denunciado pelo Ministério Público por prática de vários crimes e envolvimento em irregularidades na campanha eleitoral do PT em 2002.
"Lula gosta de se fantasiar, mas é melhor vestir o uniforme da Petrobras do que do MST", ironizou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). Segundo ele, o presidente teria usado a máquina pública para criar uma espécie de "anestesiamento histórico" e "quem faz isso exerce uma liderança negativa na sociedade".
Para o tucano, o presidente estaria capitalizando o anúncio da auto-suficiência de petróleo como se fosse uma conquista exclusiva de seu governo. "Já estava sendo esperada e poderia ter sido antes se o país tivesse crescido 5% ao ano", afirmou Virgílio, enfatizando que, apesar disso, o País continua importando petróleo.
"Além de cometer um delito pelo uso eleitoral na campanha de reeleição, o presidente está sendo desonesto, pois não diz que tudo isso é resultado de governos passados. Não só de Fernando Henrique que avançou na pesquisa e quebrou o monopólio para implementar mudanças, mas também de outros governantes", declarou.