O relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), divulgou nota ontem em que afirma não ter a intenção de abrir mão de seu cargo. A hipótese surgiu após a revelação, feita pela revista Época desta semana, de que Abi-Ackel está entre os nomes que receberam dinheiro das agências publicitárias de Marcos Valério. Os R$ 100 mil sacados na conta das empresas em 1998 eram uma doação de campanha, segundo o relator da CPI.
Abi-Ackel disse não ter qualquer motivo para deixar a relatoria da comissão. Já o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) pensa diferente. Ele apresentou ontem um requerimento à CPI solicitando a saída do relator. O líder do governo no Sendo, Aloízio Mercadante (PT-SP), também defendeu o afastamento de Abi-Ackel do cargo.
O deputado alegou nunca ter visto Marcos Valério. Afirmou que o então coordenador financeiro de sua campanha, Cláudio Mourão, recebera o dinheiro pela agência de publicidade SMPB, mas disse que, na época do depósito, não havia motivos para desconfiar de irregularidades envolvendo a empresa. "Na ocasião, não pesava qualquer suspeita (sobre a agência), nem tínhamos razão para duvidar da regularidade da sua conduta", declarou em nota.
Em comunicado emitido na segunda-feira, Abi-Ackel disse que a doação é de inteira responsabilidade do presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG). O relator fazia parte da coligação liderada pelos tucanos, quando o hoje senador era candidato ao governo do estado. Segundo Abi-Ackel, as arrecadações ficaram a cargo do PSDB.
Marcos Valério foi apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), como operador de um suposto pagamento de mesadas pelo PT a parlamentares, esquema apelidado de mensalão. Em 2003 e 2004, cerca de R$ 20,9 milhões foram sacados das contas da SMPB e DNA, agências de Valério, no Banco Rural. Deputados, assessores e pessoas ligadas a partidos políticos aparecem na lista de sacadores.
|