O ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) está confiante de que não vai mais ter de passar por constrangimentos em processos no Conselho de Ética. “Daqui pra frente é paz e amor”, avaliou ele hoje (4) à noite, logo após ser absolvido de novo da acusação de quebrar o decoro parlamentar.
Ao deixar o plenário, o ex-presidente alfinetou o líder do DEM, José Agripino (RN). “Não sei se o Agripino é engenheiro, só sei que mais uma vez ele provou que não sabe contar”, ironizou Renan. O líder do DEM chegou a bater boca com o então presidente do Senado antes da primeira absolvição do alagoano. Hoje, Renan foi absolvido por 48 votos a seu favor, 29 contra e três abstenções. O ex-presidente não votou.
Defensores da cassação de Renan admitem que o caminho está aberto para ele. Apesar de responder a outros dois processos no Conselho de Ética, as chances de ser condenado são próximas de zero. “Infelizmente, nossas esperanças se reduzem”, avaliou Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do primeiro processo contra Renan.
O entendimento é que as denúncias serão arquivadas ou paralisadas. “Com esse julgamento, arquiva-se tudo e joga-se tudo no arquivo morto”, conta Almeida Lima (PMDB-AL), fiel escudeiro do ex-presidente, que pedirá a extinção da denúncia de que o aliado comandou um esquema de arrecadação e desvio de dinheiro em ministérios comandados pelo PMDB.
Para outro aliado, Wellington Salgado (PMDB-MG), as denúncias vão se arrefecer. “Essa coisa de ficar empurrando indícios, o Senado não aceita mais. Foi uma vitória do Senado.”
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), admite que houve traições no seu partido e no DEM. “É óbvio que ele beliscou votos no meu partido e no DEM”, avalia. (Eduardo Militão)