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Congresso em Foco
26/1/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 17:29
A análise das interações sobre desconfiança eleitoral no Twitter ressalta o caráter mais propositivo e engajado dessa plataforma. No período que compreende o estudo, observa-se forte coesão nos discursos e estratégias de mobilização eficientes que organizam e coordenam o engajamento pelo voto impresso. As principais hashtags mobilizadas no Twitter reforçam essa tendência, que também são observadas, por meio de outras estratégias, nas outras redes analisadas.
Apontar essa mobilização, no entanto, não significa ignorar a forte presença do debate sobre voto impresso em períodos anteriores. Ao menos desde 2013, Bolsonaro é um dos seus principais defensores públicos e, em 2018, o tema ganhou projeção, com o aumento de denúncias de fraude eleitoral. Sua disseminação, no entanto, ocorreu atrelada à crença de conspirações sobre suposto conluio entre instituições e partidos de esquerda para a manipulação eleitoral. Ou seja, o gatilho narrativo utilizado mobilizava a desconfiança no sistema eleitoral por meio da adesão ideológica.
Novembro de 2020, representa, assim, o início de uma nova fase desse discurso, que se organiza por meio de argumentos mais universalistas elencados a partir de eventos que não se relacionam a episódios de fraude ou manipulação diretamente. A narrativa, portanto, expande-se para além do público hiper partidarizado, investindo na desconfiança sobre o TSE para além dos discursos conspiratórios. Abre-se, assim, um contexto em que o tribunal deve responder não somente sobre sua integridade e credibilidade, mas sobre sua capacidade e transparência.
Essa resposta é urgente e não poderá ocorrer isoladamente. Partidos, instituições, organizações civis, empresas, influenciadores e veículos de mídia terão papel importante na criação de um ambiente de segurança e credibilidade institucional. No estudo, foi identificado que, no YouTube, vídeos publicados em canais de veículos tradicionais de mídia, como Band, RedeTV e Jovem Pan reproduziram argumentos sobre fraudes nas eleições americanas, constituindo-se como canais de destaque em listas de recomendações conspiracionistas. Nota-se, portanto, que a disseminação de discursos que enfraquecem as instituições eleitorais ocorre por diferentes meios, que se retroalimentam, ampliando a credibilidade das mensagens em circulação.
Como lembrado na posse do presidente dos EUA, Joe Biden, a democracia é uma luta contínua contra o oportunismo e a manipulação que surgem de dentro e fora do próprio sistema. Para que se mantenham íntegras e fiéis a seus fundamentos basilares é preciso esforços articulados, com especial importância para ações institucionais. Às vésperas das eleições de novos presidentes para a Câmara e Senado, torna-se urgente a reflexão sobre estratégias que garantam a legitimidade da disputa presidencial de 2022.
**Sabrina Almeida - Cientista poli´tica. Doutoranda em Cie^ncia Poli´tica (UFMG) e pesquisadora na FGV DAPP. Estuda comportamento poli´tico com e^nfase em participac¸a~o, capital social e intolera^ncia poli´tica, ale´m de me´todo e pesquisa em mi´dias sociais.
**Victor Piaia - Doutorando em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Poli´ticos (IESP-UERJ). Pesquisador na FGV DAPP e membro do Nu´cleo de Estudos em Teoria Social e Ame´rica Latina (NETSAL). Investiga os efeitos poli´ticos de transformac¸o~es na comunicac¸a~o cotidiana, com foco em plataformas de mi´dias sociais e aplicativos de mensagens.
*As manifestações expressas por integrantes dos quadros da Fundação Getúlio Vargas, nas quais constem a sua identificação como tais, em artigos e entrevistas publicados nos meios de comunicação em geral, representam exclusivamente as opiniões dos seus autores e não, necessariamente, a posição institucional da FGV.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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