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A vingança do burguês fidalgo

Congresso em Foco

3/7/2007 0:00

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Osvaldo Martins Rizzo *


O eterno confronto do capital versus trabalho está aumentando o consumo de soníferos ao incomodar a alta classe média brasileira, fazendo-a começar a inquietar-se com a atual situação político-econômica do país.

A classe dominante até aceitou passivamente que as autoridades de plantão tenham promovido a coronel do exército o assassinado capitão Carlos Lamarca. Afinal, os militares foram usados por ela para depor o progressista governo do presidente João Goulart com a descabida desculpa de barrar o avanço comunista. Todavia, no cenário atual, as Forças Armadas têm de ser desvalorizadas perante a opinião pública por serem um estorvo ao conservador plano de preservação de um modelo entreguista da burguesia financeira nacional, que pode ser resumido na muito ouvida frase: “Nunca se perde dinheiro apostando contra o Brasil!”.

Mas, pergunta o burguês fidalgo, que direito tem o atual governo – ao qual ele não ajudou a eleger – de ameaçar, mesmo que de forma insipiente, o seu secular e luxuoso padrão de vida?

Não bastassem os freqüentes assaltos que têm vitimado membros da alta burguesia moradora dos bairros mais nobres das grandes cidades brasileiras, gerando perdas patrimoniais inclusive em dólares e euros devidamente não declarados ao fisco (por oportuno, ninguém ainda pensou em financiar uma nova Operação Bandeirantes para acabar com esse novo tipo de ameaça comunista?), os rentistas começam a sofrer o desconforto de verem declinar os seus polpudos ganhos mensais provenientes das aplicações financeiras em fundos mútuos, lastreados em papéis emitidos pelo governo para rolar – sem amortizar – a sua enorme dívida interna.

Para a fidalga burguesia, acostumada a receber do governo durante décadas a sua generosa mesada mensal, soou como uma inaceitável provocação a voluntariosa frase, atribuída ao atual presidente da República, de que, daqui pra frente, quem quiser ganhar dinheiro terá de trabalhar.

“Quem ele pensa que é querendo transformar em trabalhador o detentor de capital?”, questionou, irado, um digno representante da classe dominante entre sucessivos goles de whiskey importado. “Por muito menos derrubamos outro presidente metido a ser trabalhista”, ameaçou o truculento financista, não disfarçando a sua saudade das quarteladas.

A insônia e a aflição burguesas só crescem quando os grandes bancos orientam, em seus periódicos relatórios enviados aos seus clientes mais ricos, que quem quiser ganhar dinheiro, de agora em diante, terá de correr mais riscos investindo em seu próprio negócio contraindo dívidas. Nos negócios dos outros, comprando as ações indicadas por eles ou aplicando em seus fundos mútuos lastreados em vários ativos, cujo valor das cotas podem virar pó ao primeiro sinal de aumento externo da aversão ao risco.

Quem viver verá se o presidente da República e os bancos têm razão, pois, deveras, a aparente estabilidade econômica deve-se a fatores conjunturais e não estruturais. Está baseada notadamente no farto ingresso de dólares decorrente dos altos preços internacionais das commodities extraídas do solo pátrio e exportadas, e das operações especulativas de arbitragem com taxas de juros internas e externas, e não deve se sustentar por muito mais tempo.

O insatisfeito burguês fidalgo está na espreita esperando essa mudança de cenário financeiro para se vingar, e vem guardando muita munição para, novamente, comandar um ataque especulativo contra o real sorvendo as reservas cambiais do Banco Central.

A aceleração do crescimento provocará uma crise de oferta de mão-de-obra que inflará os salários gerando inflação. Para combatê-la, a confraria financista exigirá do governo o aumento dos juros internos que produzirá recessão garantindo, assim, que a oferta de trabalho volte a superar a demanda para que os salários permaneçam baixos e o detentor do grande capital continue não precisando trabalhar.
  

* Osvaldo Martins Rizzo é engenheiro e ex-conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  

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