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O desabafo de Lula

Congresso em Foco

28/6/2005 18:04

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Sylvio Costa


Veio de um aliado, o presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), a mais violenta denúncia lançada contra o atual governo. Mas, num momento de desabafo ontem à tarde, o presidente Lula preferiu despejar gotas do seu jarro de mágoas na imprensa e na oposição. "A gente faz, faz, faz, e a imprensa e a oposição só criticam", disse durante encontro com o jogador Ronaldinho, "o fenômeno".

No mesmo instante em que alguns políticos oposicionistas, como o prefeito carioca César Maia (PFL), começavam a falar em impeachment, Lula e o Palácio do Planalto pareciam viver em um mundo à parte. Conseguir autógrafos do craque do Real Madrid era a grande preocupação de funcionárias que acorreram à ante-sala do gabinete presidencial.

Do lado de dentro, Lula perguntava a Ronaldinho se os jogadores brasileiros aceitariam enfrentar um combinado de atletas da Coréia do Sul e do Norte, numa partida que celebraria a paz entre os dois países e todos os povos do planeta. Explicou que não gostaria de fazer um convite aos atletas "com caráter de convocação". Por isso, queria conhecer a opinião de Ronaldo.

Ronaldinho assegurou que o presidente teria total apoio dos craques nacionais. "Os jogadores querem ajudar, estão sempre interessados em participar de boas causas", garantiu. Feliz com a resposta, o presidente informou que encarregaria o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, de cuidar das gestões com os dois governos coreanos para a realização do evento.

A crise

Mas, e a crise? A palavra "mensalão" não foi pronunciada uma vez sequer durante os mais de 60 minutos em que Lula esteve com Ronaldo. O assunto foi tratado durante reunião realizada pouco antes. Estavam presentes o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o chefe-de-gabinete Gilberto Carvalho, e os ministros Luiz Gushiken (Comunicação e Gestão Estratégica) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça). Saíram dali os argumentos do discurso que Mercadante faria logo em seguida, na tribuna do Senado.

Perto do poder de fogo das revelações feitas por Jefferson, o pronunciamento foi um traque. O líder petista disse que Lula só fora informado sobre "boatos" a respeito da suposta existência de pagamento a parlamentares da base aliada para votar a favor do governo. E esperava, agora, ver o assunto investigado a fundo... na Corregedoria da Câmara dos Deputados.

Também lembrou que jamais a Polícia Federal investigou e prendeu tantos corruptos quanto no atual governo. O enredo - os feitos da PF - chegou a ser imaginado como matéria-prima básica para um pronunciamento em rede nacional, idéia abandonada após a Folha circular com a demolidora entrevista do presidente do PTB. Depois dela, ficou pouco até para discurso de segunda-feira no Senado.

Para quem há tempo convive diariamente com Lula, a face mais evidente da crise ontem no palácio era o estado de espírito do presidente. "Nunca o vi com tanto mau humor", confidenciava uma fiel e antiga auxiliar, que entoava a versão do presidente operário injustiçado pelas maldades da mídia e dos políticos.

Com o chefe da Casa Civil, José Dirceu, na Espanha, Thomaz Bastos foi o assessor a quem Lula mais recorreu para discutir a reação do governo à denúncia de Roberto Jefferson. Deve ter papel igualmente importante nas próximas semanas.

Outra peça acionada, o ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, disse em entrevista coletiva que "não há uma acusação contra o governo, há é uma denúncia envolvendo o pagamento de um partido a outros partidos", referindo-se às mesadas que o PT teria pago a parlamentares do PP e do PL. Confirmou, porém, que já tinha ouvido comentários a respeito, embora genéricos e sem caracterizar uma denúncia formal.

A bola

No começo da conversa com Ronaldinho, Lula chutou uma bola fora. Demonstrando não estar em dia com o noticiário de esporte, manifestou espanto quando seu interlocutor mencionou o fato de ter sido excluído das eliminatórias da Copa do Mundo. "Você não está jogando as eliminatórias?", surpreendeu-se, ignorando que o jogador foi cortado da Seleção pela CBF, em represália à sua decisão de não disputar a Copa das Confederações.

Depois, falou que gostaria muito de levar a Seleção Brasileira para todos os países que visita. "Se pudesse, eu contrataria a Seleção para me acompanhar", afirmou. A intenção seria, de um lado, mostrar o que melhor simboliza o talento e o vigor do Brasil. Do outro, levar alegria a nações às voltas com graves problemas.

Lula relatou que, durante encontro com o presidente da Guiné Bissau (Henrique Rosa, no último mês de abril), precisou ir ao banheiro. Descobriu que não havia descarga na toalete presidencial. Conforme o seu depoimento, nem ali, no palácio do governo guinéu, há encanamento de água.

Contando que esteve em dez nações africanas, prosseguiu: "Nunca vi tanta miséria quanto tenho visto". Mais uma razão, reforçou, para empreender uma jornada pela paz e pela alegria em tabelinha com o escrete verde-amarelo.

O papo melhorou o humor do presidente. Quando as portas do gabinete se abriram para o registro visual do encontro, Ronaldo assustou-se com o número de fotógrafos. "Você é mais famoso que coisa ruim", brincou Lula. "É só dizer que você está aqui que isso se espalha mais do que notícia ruim".

Houve outras brincadeiras. "Você está meio gordinho, hein?", provocou Lula. Depois, ao elogiar o jogador, fez graça novamente: "Você é um ótimo rapaz. Tem uma imagem que é acima do bem e do mal. A única coisa que você escorrega é com mulher".

Lula queixou-se da imprensa e da oposição após o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, descrever diversos projetos de impacto social que estão sendo implementados na sua área. Diante da surpresa de Ronaldo, insinuou que o massacre da mídia e dos adversários políticos não permite que tais realizações, como outras do seu governo, se tornem de conhecimento público.

Minutos antes, ele e Ronaldinho reclamaram do assédio dos paparazzi. "É um inferno mesmo. Agora que estou de férias no Brasil, tem gente que dorme em frente da minha casa. Tem um cara de motocicleta que me persegue para me fotografar onde quer que eu vá". Foi quando Lula confessou um estranho sonho: "Meu sonho é me disfarçar, pôr uma peruca, botar uma máscara e ir num comício de um adversário para ver o que eles falam de mim. Porque eu queria entender porque atacam tanto a gente, com tantas coisas boas que o governo está fazendo".

Lula, que viaja ainda neste mês para a Escócia e participará das comemorações da Queda da Bastilha na França, em 14 de julho, vai bater bola em breve com outro craque, Ronaldinho Gaúcho. A audiência deve ser realizada na próxima semana.

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