Após manifestar "respeito" a Lula, Doria nega que vá apoiá-lo em eventual segundo turno

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República João Doria negou nesta quarta-feira (27) que, ao declarar em entrevista ao jornal Valor Econômico, respeito ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, isso indique um possível apoio seu ao petista em um eventual segundo turno. "Significa apenas que Bolsonaro não merece respeito e que Lula merece respeito, embora eu seja adversário de ambos", disse Doria ao Congresso em Foco. A declaração causou surpresa devido ao histórico de críticas e acusações do tucano contra o ex-presidente. Doria afirmou, ainda, que está confiante de que estará no segundo turno e que, por isso, não terá de apoiar um ou outro candidato. "Eu os enfrentarei e nós vamos para o segundo turno. Portanto, não vai haver esse dilema entre Lula e Bolsonaro. Estou confiante em nossa candidatura e preparado para fazer a disputa e bastante animado com a perspectiva de estar no segundo turno e vencer", ressaltou. Em entrevista ao Valor, Doria diferenciou os seus dois principais adversários na disputa ao Planalto. "Embora eu seja um antagonista ao Lula, eu o respeito. O Lula não é Bolsonaro, o Lula é inteligente e tem passado. Eu tenho posições diferentes das dele, mas tenho respeito por ele", disse o ex-governador de São Paulo. "Já Bolsonaro não merece o meu respeito. Eu sou um liberal social", acrescentou. O tucano busca o apoio do União Brasil e do MDB para ser o candidato da chamada terceira via, mas tem enfrentado resistências internas e externas. Dentro do PSDB seu nome não é unanimidade. O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que perdeu as prévias para ele em novembro, ainda se posiciona como um possível candidato. O MDB ainda aposta na senadora Simone Tebet (MS) e o União, em seu presidente, o deputado Luciano Bivar (PE). Ainda na entrevista ao Valor, o tucano tentou justificar o apoio dado a Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018. "Como eu, milhões de brasileiros acreditaram em Jair Bolsonaro, acreditamos que sua proposta era liberal, transformadora para o Brasil, de combate à corrupção, contrária à reeleição", afirmou. "E tem mais: ele se posicionava contra o Centrão. Fomos enganados", frisou. Doria aparece na quarta colocação, com 3% das intenções de voto, na pesquisa Ipespe divulgada na última sexta-feira (22). A corrida presidencial, segundo o instituto, é liderada por Lula, com 45%, seguido por Bolsonaro, com 31%.