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Congresso em Foco
19/11/2020 | Atualizado 28/11/2020 às 15:34
À esquerda o prefeito André Merlo (PSDB) e à direita seu vice, Dr. Luciano (PSC), rompidos desde o início do mandato, em 2017. Crédito: reprodução TSE[/caption]
Há duas décadas a eleição para a Prefeitura de Valadares é polarizada por PSDB e PT, que se alternam na administração do Executivo. Em 2016, a cidade já havia superado a barreira dos 200 mil eleitores, que define se o município pode adiar a escolha do prefeito para um segundo turno, mas André Merlo liquidou a fatura já na primeiro rodada de votação, com 81% dos votos válidos.
A consagração do tucano veio na esteira da Operação Mar de Lama, que investigou uma organização criminosa suspeita de desviar R$ 1 bilhão de reais do município e levou ao afastamento de 13 vereadores. O caso desgastou a gestão da então prefeita Elisa Costa (PT). O candidato Glêdston Guetão, apoiado por ela, alcançou apenas 7% dos votos, ficando na terceira colocação.
A conjuntura política local de 2020, entretanto, é completamente outra. Se em 2016 uma impressionante coligação de 24 partidos sustentou a candidatura de André Merlo, este ano o tucano tenta a reeleição ao lado de sete legendas. Já Dr. Luciano entrou na corrida em coligação com Pros e Cidadania. Em 2020, foram 11 postulantes ao Executivo local, frente às quatro candidaturas majoritárias em 2016.
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Deputado Leonardo Monteiro (PT-MG)[/caption]
O PT recuperou parte de seu prestígio na cidade com a candidatura do deputado federal Leonardo Monteiro. Há cinco mandatos em Brasília, o parlamentar foi um dos principais articuladores da instalação da Universidade Federal em Valadares durante o governo Dilma Rousseff. Leonardo liderou uma coligação com outras quatro legendas e encerrou o primeiro turno na terceira colocação, com 14,45% dos votos.
A campanha petista foi marcada por fortes críticas à atual administração. Tom parecido com o da quarta colocada, Rosemary Mafra (PSB), vereadora veterana que teve 10,77% dos votos na corrida pelo executivo e era principal face da oposição a André Merlo no legislativo. Elementos que indicam uma tendência do reposicionamento de seus eleitores.
"Ainda que Leonardo, Rosemary e seus respectivos partidos não façam declarações formais de apoio a Dr. Luciano, a tendência é que o candidato do PSC herde a maior parte desses eleitores, seja pela rivalidade histórica entre petistas e tucanos ou por insatisfações com a atual gestão", pontua o mestre em comunicação política e professor da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Manoel Assad Espíndola.
Os demais candidatos ficaram abaixo dos 7% de votos e a maior parte deles ainda não manifestou apoio a nenhum dos dois no segundo turno.
"A campanha do André usa elementos narrativos e estéticos que dialogam com um sentimento de nacionalismo e buscam atrair o eleitorado bolsonarista, fortemente antipetista, que se dispersou no primeiro turno", acrescenta Manoel Assad.
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Professor Manoel Assad: novo quadro da Câmara exigirá do prefeito negociar com habilidade no varejo a formação do secretariado e de maioria. Crédito: Arquivo pessoal[/caption]
Outro fator que pode pesar no desfecho é a situação de saúde do prefeito, impossibilitado de cumprir agendas presenciais. Diagnosticado com covid-19 no última dia 9, André Merlo foi internado inicialmente em um hospital local e mais tarde transferido para São Paulo por recomendação da equipe médica. O prefeito deve retornar à cidade para a reta final da campanha.
Sua gestão durante a pandemia teve momentos de tensão, mas por ter aberto o comércio mais cedo que outras cidades de porte similar e não ter ocorrido colapso no sistema de saúde pública, acabou ganhando pontos com os lojistas. Sem a presença de grandes indústrias, o setor comercial é o mais importante da economia local. "Muitos pequenos comerciantes estavam em situação de desespero, sem reservas para suportar mais tempo e temendo a falência", aponta Dileymárcio Carvalho, diretor de jornalismo da TV Rio Doce.
A administração, porém, é vista como distante por algumas camadas populares. E ao contrário de quatro anos atrás, a corrupção não pauta o debate.
"A resposta à pandemia e à corrupção não são temas centrais na campanha. Mas sim a qualidade dos serviços públicos. Há uma sensação de parcela da população de que o governo é de elite, pelo próprio perfil do prefeito e do secretariado. A transferência para São Paulo para recuperação da covid-19 também gerou críticas. O prognóstico é de uma disputa bem indefinida", completa Dileymárcio Carvalho.
Os planos de governo dos candidatos têm em comum a promessa de mais investimentos na rede de atenção básica à saúde e às articulações para a conclusão de obras do hospital regional. Outro desafio imediato para o próximo prefeito será o reaquecimento da economia, em meio à ameaça de uma segunda onda da pandemia.
Durante o primeiro turno não houve a divulgação de pesquisa de intenção de votos. O horário eleitoral gratuito de rádio e TV recomeça na sexta-feira (20) e as agendas de rua das campanhas foram retomadas na quarta (18). No caso de André Merlo, o candidato a vice, Davi Barroso (DEM) é quem vai aos compromissos.
"Se a eleição fosse hoje, o prefeito seria reeleito. Mas a visibilidade e a capacidade de mobilização das campanhas nas ruas e redes terão muito peso nesse contexto e podem ser decisivas", diz Manoel Assad.
Apoio de deputados
Dois deputados federais em primeiros mandatos exercem protagonismo como apoiadores dos ex-aliados. O prefeito André Merlo conta com Hercílio Coelho Diniz (MDB), de uma família do setor supermercadista regional. O vice, David Barroso,que atuava como chefe de gabinete do parlamentar em Brasília, foi uma indicação de Hercílio.
Já o deputado federal Euclydes Pettersen (PSC) é o coordenador-geral da campanha de Dr. Luciano.
"Os dois parlamentares têm voz ativa nas tomadas de decisão das chapas. Hercílio traz peso econômico à campanha do prefeito por ser reconhecido como um grande empregador e pelas amplas relações empresariais. Euclydes tem boa inserção junto à juventude", destaca Manoel Assad.
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Câmara Municipal de Governador Valadares terá 14 novos vereadores em 2021. Crédito: Google Earth[/caption]
Quem conquistar a prefeitura de Governador Valadares no próximo dia 29 terá de lidar na futura gestão com uma composição política bastante renovada e fragmentada do legislativo municipal. A partir de janeiro de 2021, a Câmara Municipal terá 14 novos vereadores.
"O novo quadro exigirá do prefeito negociar com habilidade no varejo a formação do secretariado e de maioria. Mais fragmentação demanda aumento dessa capacidade", diz Assad.
Dos 21 vereadores que ocupam a Câmara, 17 disputaram a reeleição, mas apenas sete foram reeleitos. A renovação de 70% no legislativo é puxada por movimentos locais de jovens e por desgastes, ainda não superados, de imagem da própria instituição.
Em 2020 foram eleitos representantes de 14 partidos: DEM, Rede, PSDB, PTC, PT, MDB, PSC, Pode, Republicanos, PSL, PDT, PSD, Avante e PV. Sete partidos elegeram dois vereadores: PT, DEM, PSDB, PTC, PSC, Podemos e PDT.
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