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[fotografo] Marcello Casal Jr./ Agência Brasil [/fotografo]
*Izabela Patriota e **Alan Gabriel Teixeira
Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2002, ajuda-nos a entender a vulnerabilidade que temos em relação às fake news com seu livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, publicado originalmente em 2011. São descritas duas estruturas de pensamento humano: Sistema 1 e Sistema 2. O primeiro é intuitivo, rápido, associativo, automático, muitas vezes emocional e não requer esforço. Já o segundo é analítico, lento, deliberativo, racional e requer esforço mental.
O Sistema 1 é a chave para entender o funcionamento das fake news, uma vez que é o responsável por orientar os nossos pensamentos e motivar as nossas ações, a partir das nossas crenças, afinidades e valores. Isso acaba por limitar e guiar a nossa busca por informações para encontrar argumentos que confirmam as nossas ideias e princípios.
Kahneman complementa ao afirmar que o Sistema 1 e o Sistema 2 representam dois polos distintos. O primeiro soma bom humor, intuição, criatividade, credulidade e confiança ampliada. Enquanto o segundo é formado por tristeza, vigilância, desconfiança, abordagem analítica e esforço ampliado. Isso significa que quando de bom humor, as pessoas são menos vigilantes e mais propensas a cometer erros lógicos. Essa perspectiva explicaria os motivos pelos quais as fake news são mais compartilhadas e, provavelmente, mais facilmente aceitas em mídias sociais que são usadas com foco no entretenimento, como WhatsApp, Facebook, YouTube etc.
Assim, quando somamos o Sistema 1 - que é ingênuo - e o Sistema 2 - que mesmo tendo a função de duvidar e descrer, é complacente com as nossas emoções - nós observamos que os indivíduos ao quererem obter a história mais compatível com seus princípios, acabam por não verificar a validade das informações. Até fragmentos de fatos e opiniões podem também ser usados para a construção de narrativas. Nesse sentido, os indivíduos estão vulneráveis a produzir conclusões precipitadas, como se nosso cérebro funcionasse na forma da brincadeira do telefone sem fio.