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"O julgamento do dia 24 de janeiro próximo será um divisor de águas na cultura política brasileira. Onde vamos colocar o Lula?"
O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Thompson Flores, foi ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, na semana passada, discutir providências sobre ameaças recebidas pelos desembargadores que julgarão, no próximo dia 24, em Porto Alegre, o recurso contra a condenação de Lula lá.
Mas pasmem! Apesar de não poder ser eleito, caso seja condenado pelo TRF, Lula poderá ser candidato segundo os ritos processuais do TSE, uma vez que pode recorrer ao próprio TRF, caso a condenação não seja unânime; e ainda ao STJ, onde poderia obter uma liminar para continuar candidato; e, se quiser, até mesmo ao STF, onde toda querela no Brasil sempre acaba, até mesmo furto de galinha.
Beleza de torção, retorção e distorção da Justiça brasileira que só ocorre por conta dessa jabuticaba chamada Justiça eleitoral que só existe no Brasil. Beleza de barroquismo fazendo com que continuemos sendo o país dos sinais trocados, da ultrapassagem pela direita, do dito pelo não dito, do todavia-talvez-quem-sabe, de tudo para os amigos, e para os inimigos, a lei.
O país da torção, retorção e distorção, do parecer que vale mais do que o ser, o país do drible, da farsa e da burla. Onde não entrou a Renascença nem tampouco uma nesga sequer da luz do iluminismo, pela fresta da porta do barroquismo inveterado de nossa alma.
O desembargador foi à chefe do poder Judiciário por que o poder Executivo, a quem cabe a garantia de segurança institucional, através de seu ministro da Defesa, já tinha negado a necessidade de convocação da Força Nacional solicitada pelo prefeito de Porto Alegre para o julgamento de Lula lá.
O julgamento do dia 24 de janeiro próximo será um divisor de águas na cultura política brasileira. Onde vamos colocar o Lula? Na cadeia como outros políticos já condenados ou no trono dos acima da lei que tudo podem?
Ou refundamos a República e Lula é um cidadão como outro qualquer, ou dividiremos o país de vez entre a escumalha geral dos cidadãos de segunda classe e os cidadãos especiais, como ele próprio se referiu a Sarney. Como tem tortuosamente desentendido o “Rei dos Habeas Corpus”, ministro Gilmar, que virou chacota nas redes sociais.
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