Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
21/2/2017 | Atualizado às 10:02
"Imagine all the people sharing all the world" (John Lennon)
Enfim, foi aprovada a lei de reforma do ensino médio, embora com algumas mudanças, como o retorno da obrigatoriedade de disciplinas como filosofia e sociologia e, mais uma vez, a desconsideração da educação moral e cívica que, segundo autoridades do Ministério da Educação, deve ser tratada como conteúdo transverso em disciplinas como história, geografia, sociologia e filosofia. Todavia, em minha opinião, aí mesmo é que mora o perigo de resiliência do imaginário social populista, coletivista e igualitarista que domina a vida política nacional, sobretudo nesta geração milênio, filha dos que vivem sob a corrupção dos valores morais implantada pelo democratismo da constituição "cidadã", e dado nosso professorado de humanas, de viés esquerdista, estar sempre convencido de que cidadania é mais "direitos sociais" do que deveres cívicos e políticos. Os recentes e indecentes espetáculos de corporativismo renitente de servidores públicos cerceando a segurança e a paz do cidadão comum dão bem a dimensão da corrupção de valores praticada por nossas "lideranças sociais". Há poucos dias também havia recebido a dica de leitura do livro Empowering global citizens: a world course, de Fernando Reimers, pesquisador venezuelano radicado nos EUA, professor de educação internacional na Universidade de Harvard. Suas pesquisas têm como foco as inovações em educação e seus impactos em políticas educacionais, bem como formação para a liderança e a cidadania global, mas também comunitária e local, pois não há contradição entre as duas dimensões. Pelo contrário, o modelo de ação social e política de um cidadão numa comunidade local é o mesmo para sua atuação no mundo. Como nos indica o sociólogo Roland Robertson com seu conceito de "glocalização", quando o fenômeno de globalização, resultante das novas tecnologias de informação e comunicação digital, empoderam globalmente a ação política local dos cidadãos e vice-versa. Ideia já mencionada desde o século XIX, por exemplo, na citação de Tolstoi: se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia. E o próprio Reimers quando afirma: um dos elementos mais importantes de uma Educação de qualidade é a preparação dos alunos para compreender o local onde vivem, atuar nele e, assim, inventar um mundo melhor. Aliás, esta palavra de ordem embalou toda uma geração de rock and roll. E que data de outras globalizações anteriores, como a das Grandes Navegações, ou mesmo da expansão do Império Romano, quando Terêncio pontificou: nada do que é humano me é indiferente. Introduzido o curso em algumas escolas de elite no Brasil, a questão que se coloca é a de saber se podemos formar jovens cidadãos globais brasileiros da mesma qualidade dos cidadãos globais de países de primeiro mundo, sobretudo nos corretos valores que inspiram o humanismo nascido da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, até os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU de 2015, sem a consciência prévia de que conceito de cidadania estamos falando, dadas as torções e distorções da cultura política de nossas elites, como já disse, quando tratam cidadania mais como afirmação de direitos sociais do que de deveres cívicos e políticos. Por que o verdadeiro sentido da ação de uma cidadania política eficaz está para além da convicção individual ou da comunidade local de nossa experiência de vida. Para não corrermos o risco do paradoxo de formarmos uma elite que pretenda, por exemplo, combater a fome abstrata no mundo, sem se engajar no combate à fome concreta de seu concidadão na comunidade em que vive. Entendendo-se cidadania enquanto filantropia, solidariedade e até mesmo direitos sociais, sem dúvida que podemos, pois se trata de cultivar valores morais de nossa conduta individual tão simplesmente. Mas se ampliamos o conceito de cidadania social para cidadania política, como meio de atingirmos maior impacto na adoção de políticas públicas efetivas, evidentemente que temos de tomar o devido distanciamento crítico para a adoção de um curso mundial de cidadania, uma vez que a base da educação cívica e política de países mais desenvolvidos é sólida, diferentemente do Brasil onde nem sequer a disciplina moral e cívica foi resgatada, como estamos a constatar. [caption id="attachment_283834" align="alignright" width="380" caption="Colunista aponta a pertinência das pesquisas de Fernando Reimers sobre inovações em educação e seus impactos em políticas educacionais"]Tags
Temas
LEIA MAIS
ATIVISTA PRESO EM ISRAEL
Família é informada que brasileiro foi levado para deportação
DETIDO EM ISRAEL
Brasileiro vai para solitária após ordem de deportação, diz família
FLOTILHA DA LIBERDADE
Israel decide deportar ativista brasileiro, informa advogada à família
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Haddad acusa deputados de "molecagem" e sessão na Câmara vira tumulto
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
Governo reclassifica Instagram como impróprio para menores de 16 anos
ENTREVISTA EXCLUSIVA
APOSTAS ESPORTIVAS
CPI das Bets: senadores derrubam relatório final e livram Virginia