DNA para cachorro?

O projeto do deputado Jamil Murad (PCdoB-SP) estabelece que a esterilização também valerá para cães resultantes do cruzamento das raças pittbull e rottweiler. Pelo menos neste ponto ficará difícil comprovar a origem do cão.

"Esse projeto não vai para frente. Quem gosta de pittbull e rottweiler faz um bandog (cruzamento de pittbull com cães de diferentes raças) e acabou. Ele se torna um vira-lata e aí terá que fazer um DNA do cão. Quero ver provar que o cachorro é um pittbull", desafia Wagner de Avelar Rezende, proprietário do Canil Tamaran-Bull, em Brasília.

Wagner Rezende quer saber se o projeto irá contemplar a raça american staffordshire terrier. O cachorro é um "primo" do pittbull. Murad admite que, nesse ponto, a proposta pode ser melhorada. "Nós precisamos aprimorar o projeto. O debate vai incluir os criadores e será aberto e democrático", diz.

Ele só não vai abrir mão da esterilização das duas raças. "Isso deve ser mantido porque outras nações e sociedades já tomaram medidas nesse sentido. Inglaterra tomou e outros países também. Na verdade, nós estamos atrasados."

O criador Wagner Rezende tem três filhos pequenos e todos brincam com os pittbulls. " O cão bem criado não morde outras pessoas", afirma. Quando informado que esse proprietário deixava as crianças brincarem com os cachorros, o deputado Jamil Murad foi taxativo. "Ele está em uma jaula com feras. Torço para não acontecer nada com a família dele", afirma.

Rodrigo Barreto, chefe do Núcleo de Animais Domésticos do Distrito Federal, informa que em Brasília ocorrem 15 mil acidentes envolvendo mordidas ou algum tipo de contato entre cães e pessoas. Mas, segundo ele, pelo menos nos últimos dois anos não houve nenhuma morte.

De acordo com o livro 'Tubarões no Brasil", do biólogo marinho Marcelo Szpilman, nos Estados Unidos estima-se que ocorram 4,5 milhões de mordidas de cães por ano em pessoas. Em conseqüência das agressões, 334 mil são atendidas nos hospitais e 20 morrem. O melhor amigo do homem morde mais que tubarões.

Na Romênia e na França, a criação de pittbulls foi proibida. Na Austrália e Alemanha, o cidadão tem que provar ter condições de criar o cachorro, pagar uma taxa para ter a posse de animal e o registro.