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"Como condição primordial, um partido deveria ser formado por pares, aproximar aqueles que se identificam com seu ideário"
Semana passada, escrevi brevemente sobre os caminhos que levaram o P(MDB) a tornar-se o partido mais bem-sucedido do nosso recente período democrático. O critério adotado foi a influência em vários governos. Melhor dizendo, em todos eles. Não há governo do qual o P(MDB) não tenha sido o principal partido da base parlamentar.
A onipresença do, agora, MDB não é coincidência. O partido tem sido muito bem votado em todas as regiões, principalmente fora das grandes metrópoles brasileiras. Nos pequenos e médios municípios, as questões cotidianas recebem quase toda a atenção da população e a atuação da política institucional se revela pragmática, menos ideológica. O partido conseguiu capitalizar de modo sistemático essa assimetria entre governo e sociedade sem se importar muito com alguma unidade de pensamento.
Como condição primordial, um partido deveria ser formado por pares, aproximar aqueles que se identificam com seu ideário. Desse modo, em um sistema pluripartidário, receberá mais votos e será mais representativo se puder equilibrar os termos dessa equação: criar um núcleo de pensamento político que expresse de modo singular os anseios de seus integrantes sem, ao mesmo tempo, alijar os outros, sectariamente. Em suma, unir os que pensam de modo parecido e convencer os demais.
No entanto, atomizar um discurso sem caráter ideológico parece ter sido a estratégia. A ideia de vender exatamente o que se quer comprar é muito sedutora. Em países de população pouco educada, a propaganda influencia muito fortemente o comportamento do mercado. Na política, é possível identificar essa tendência como vetor do populismo.
Essa base municipal consolidada fez o partido ter uma participação considerável no Congresso Nacional. Em eleições ‘cruzadas’, a conhecida aliança entre prefeitos e deputados determina a estrutura de apoio nas muitas microrregiões dominadas pelo partido, e praticamente garante a eleição dos escolhidos.
O P(MDB) dos novos tempos tem base política distrital. Seus vários líderes regionais não competem por poder central, pois ele decorre justamente desse conjunto fragmentado. São os feudos que importam nesse método de fazer política. Não é motivo de admiração que o partido não defenda uma pauta facilmente identificável na Câmara e no Senado.
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Para perverter esse estado de coisas, resta à cidadania participar. O mundo da política pode deixar de ser o da barganha, do fisiologismo, da demagogia. Mas será necessário renovar nossos parlamentos. Um novo Congresso é possível! Conheça, divulgue e participe da campanha. Do mesmo autor:<< O velho P(MDB) e os novos movimentos de renovação política << PSDB e PT: pôquer, sabão em pó e refrigerante