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Congresso em Foco
20/4/2017 7:30
[fotografo]Agência Brasil[/fotografo][/caption]Como pode uma reportagem sobre violência no Brasil não percorrer periferias, subúrbios, favelas, se é nesses espaços que acontece a maioria dos homicídios dolosos ou por balas (nem sempre) perdidas? Como pode uma reportagem sobre violência no Brasil não entrevistar quem mora nesses lugares (a população mais pobre e vulnerável)? Como pode uma reportagem sobre violência no Brasil não visitar o Nordeste, região onde se registra a maior taxa de mortes violentas para cada cem mil habitantes? Como pode uma reportagem sobre violência no Brasil não ouvir jovens negros, cujas chances de serem assassinados são 147% maiores do que de jovens de outros grupos étnicos? Como pode uma reportagem sobre violência no Brasil não escutar policiais - que, se por um lado são os que mais matam no mundo, por outro estão entre os que mais morrem?
Como pode uma reportagem sobre violência no Brasil ignorar o próprio Brasil?
Aos neurônios mais desatentos, a matéria passa a ideia de que só as pessoas brancas, só a classe média, só os donos de automóvel sentem medo e são vítimas da violência em nosso país. Mas será que o Amarildo, a Claudia, o DG, a Maria Eduarda e tantos outros também não sentiram medo antes de serem desaparecidos, arrastados ou alvejados pelas probabilidades? Será que essa gente - que não tem o perfil dos entrevistados padrão-Globo-de-qualidade - não merece a empatia de quem está diante da tevê? Não merece uma vida blindada contra a incerteza de voltar para casa?
E-mails (e zaps e torpedos e cartas e sinais de fumaça) para a redação chefiada por William Bonner.
* Cronista residente no Rio de Janeiro, Fábio Flora mantém o blog Pasmatório e perfil no Twitter.
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