O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), elogiou hoje (25) o nome do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) como uma provável solução para a presidência da CPI Mista dos Cartões Corporativos. “Eu acho que ele teria uma postura correta. Jarbas é um homem correto, ele não ia deixar que a CPI fosse apenas uma CPI a serviço da oposição ou do governo. Ele é um homem correto, sério, que tem experiência”, defendeu Garibaldi.
A oposição reclama do governo, sob a ameaça de abrir CPI exclusiva no Senado e obstruir os trabalhos da Casa, um dos cargos de comando no colegiado. Entretanto, o governo não cede às pressões oposicionistas e mantém a indicação do senador Neuto de Conto (PMDB-SC) na presidência e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) na relatoria da CPI mista. Para Garibaldi, tanto Jarbas quanto o indicado do PMDB, Neuto de Conto, são nomes adequados para presidir a CPI.
“Mas cabe às lideranças se articular para saber se ele [Jarbas] é o nome ou se [deve ser] outro nome – inclusive eu não posso deixar de lembrar um nome que estava nas cogitações, que é o senador Neuto de Conto (PMDB-SC), se não vão pensar que estou descartando nosso senador”, preveniu-se Garibaldi, defendendo o “entendimento” entre governo e oposição para evitar CPIs simultâneas sobre o mesmo assunto.
“Não vamos falar de boicote, não vamos falar de ameaça, ou de tragédia. A CPI poderá ser uma só, como todos nós estamos desejando, e acho que vocês também”, ponderou, dirigindo-se à imprensa. “Vamos esperar uma boa notícia. Só haverá outra [CPI] se não tiver acordo. Se há a possibilidade, sejamos otimistas: vamos esperar a fumaça branca”, disse, numa analogia ao fechamento de acordo entre os cardeais da cúria no Vaticano, que é sinalizado com a exalação de fumaça branca na chaminé do prédio da Santa Sé.
Dose de receio
O vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), continuar a defender a flexibilização do governo em relação aos cargos de comando da CPI mista. “É preciso que o governo recue e aceite uma indicação da oposição. Se o governo acolher os nomes da oposição, poderemos trabalhar numa única CPI”, disse o tucano, lembrando que o nome de Jarbas Vasconcelos seria uma solução para o impasse, como acredita Garibaldi Alves. “Aí, não haveria razão para paralelismo.”
Alvaro Dias disse ainda que o governo teme uma CPI exclusiva dos senadores – numa referência tácita à força oposicionista que impôs ao Planalto a derrota da CPMF na Casa, em dezembro do ano passado. “A CPI no Senado provoca uma dose de receio significativa no governo”, instigou.
Sobre a leitura da CPI no Senado, caso persista a queda-de-braço pelos cargos de comando, Garibaldi Alves disse que é preciso ter cautela. “Essa [CPI] só do Senado eu posso ler a qualquer momento, porque não é preciso juntar o Congresso”, disse o senador potiguar, referindo-se à sessão conjunta (senadores e deputados) prevista regimentalmente para a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito. “A perspectiva é aguardar os entendimentos. Se os entendimentos estivessem encerrados, aí sim poderíamos partir para uma definição com relação à outra CPI.” (Fábio Góis)