| O presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a questionar ontem a legalidade da proposta que cria quatro tribunais regionais federais. De Portugal, onde cumpre agenda oficial, o senador emitiu uma nota negando que apoia a promulgação feita pelo deputado André Vargas. "A opção de não promulgar a Emenda Constitucional (...) decorreu do entendimento de que a proposta contém erro formal, suscetível de questionamentos jurídicos, já que o texto aprovado pela Câmara dos Deputados sofreu alterações substanciais em relação ao que foi enviado pelo Senado", destacou.
Sob a presidência de Renan, a matéria estava parada desde que havia sido aprovada na Câmara, no começo de abril. Ele reconheceu, porém, que não podia limitar as competências regimentais do primeiro-vice-presidente do Congresso nem evitar que ele marcasse a sessão na sua ausência. "Igualmente não poderia, eternamente, adiar ou cancelar compromissos oficiais em virtude dessa emenda", conclui na nota.
Ministros do Supremo divergem sobre TRFs
No dia em que o Congresso promulgou a emenda à Constituição que estabelece a criação de quatro tribunais regionais federais (TRFs), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) divergiram sobre a medida, mas evitaram polemizar. A avaliação geral é de que o assunto chegará ao STF, a quem caberá dar a palavra final sobre a constitucionalidade da emenda. O presidente da Corte, Joaquim Barbosa, afirmou ontem à tarde, depois da sessão plenária, que não tem "nada a dizer" sobre a decisão que contraria seu entendimento e chegou a questionar, usando uma frase em inglês: "Who Cares? (Quem se importa?) " À noite, o ministro voltou a se manifestar, por meio da asses-soria de imprensa do STF. "Por enquanto, no que se refere a este tema da criação dos tribunais, já cumpri o meu papel institucional como chefe do Poder Judiciário."
A posição de Barbosa contrária à criação de mais quatro TRFs não é unânime no tribunal. Desde março, antes de a medida ser votada no Congresso, o presidente do Supremo vem alertando parlamentares sobre o impacto orçamentário que a criação dos tribunais representará. Em uma reunião com juizes em abril, Barbosa afirmou de forma irônica que as novas Cortes seri em Resorts" acusou as associações representantes da magistratura de terem atuado na "surdina" pela aprovação "sorrateira" da proposta de emenda à Constituição (PEC). Segundo ele, os novos TRFs custarão R$ 8 bilhões anuais, valor que é contestado pelas entidades. |