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O retrocesso do Código Florestal

3/12/2011
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Emanuel Medeiros Vieira* “Quando você perceber que para produzir precisa obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho; que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício,então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.” (Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand, pronunciada em 1920) A reforma do Código Florestal poderá ser aprovada. Será mais um retrocesso. Será o triunfo  da barbárie contra a civilização. Como observou alguém, o novo código é a vitória do interesse dos grandes produtores e pecuaristas. “Gostaria de ver o código sem anistiar os desmatadores  que têm acabado com as florestas do país”, disse a senadora Marinor Brito (Psol-PA). Há poucos dias, a Praça dos Três Poderes, em Brasília (“A praça  é do povo como o céu é do condor”, cantava Castro Alves), foi palco de manifestação de movimentos contrários ao texto do Código Florestal. Um balão do Greenpeace ostentava a frase: “Senado, desliga essa motosserra”. É preciso disseminar a ideia verdadeira de que o Código que os latifundiários e seus cúmplices querem aprovar não atende à sociedade, mas apenas aos ruralistas. “O governo cedeu à chantagem dos ruralistas”, afirmou Mário Mantovani, diretor da ONG Mata Atlântica. A ex-ministra Marina Silva cobrou da presidente Dilma  suas promessas de campanha. Após o primeiro turno, ela  recebeu apoio de ambientalistas e lideranças do PV e, em contrapartida, apresentou um programa para a área ambiental em que prometeu “vetar iniciativas que impliquem anistia a desmatadores ou redução da reserva legal e preservação permanente”. Sendo aprovado esse mostrengo, que a presidente cumpra a sua promessa: vete o projeto. Em nome da chamada governabilidade “lavará as mãos”?  Esperamos que não – mas com temor no coração. Pode parecer romântico em tempos tão cínicos e pós-utópicos, mas ainda (e sempre) acreditarei que PALAVRA EMPENHADA É PARA SER CUMPRIDA. *Poeta, romancista e contista, nasceu em Florianópolis (SC) em 1945. Participa de diversas antologias de contos. Estreou com A Expiação de Jeruza, em 1972. Tem romances e contos editados, como Os hippies envelhecidos
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