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O cavalo que saiu do poço

Congresso em Foco

15/11/2011 | Atualizado 16/11/2011 às 7:15

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 João Capiberibe* Encontrei Claudio, em sua granja, nas margens da BR-210, também conhecida como Perimetral Norte, a poucos quilômetros da pequena cidade de Pedra Branca do Amapari. Aliás, essa estrada, planejada e iniciada nos tempos do Brasil do ame-o ou deixe-o, abriria uma fenda de 5 mil quilômetros no coração da Amazônia caso fosse concluída. Iniciada em 1973, com uma grande concentração de homens e máquinas em gigantescos canteiros instalados em três pontos diferentes, separados entre si por milhares de quilômetros de floresta, um no Amapá, outro em Roraima e o terceiro no Acre, era uma loucura que não foi longe. Mas o tamanho do estrago não foi pequeno, que o digam os povos indígenas viventes nas áreas por onde a insanidade começou. Anos depois, conheci as duas pontas da estrada que felizmente não se uniram, a do Acre, onde passei uma temporada, e a do Amapá, onde vivo. Causa-me arrepios, só de pensar nas consequências ambientais caso esse projeto tivesse se consumado. Se a Amazônia perdeu 17% de sua cobertura florestal sem essa estrada, com ela conclusa, essa cifra no mínimo dobraria. Na minha volta do exílio, no início dos anos 80, acompanhei de perto o drama dos Waiãpi, na verdade do que restou deles, depois da invasão de seu território pelas máquinas vorazes e pelas doenças trazidas pelos homens da Mendes Jr., empresa contratada para executar o trecho onde eles viviam isolados do mundo selvagem dos brancos. O genocídio desse povo não teve eco nos anos de chumbo, nem tão pouco na democracia. Permanece no esquecimento, assim como o dos Ianomâmis em Roraima. Desculpem o longo interregno, mas quem vive na Amazônia não pode deixar de comentar tamanha insensatez. Agora retomemos a visita à granja do Claudio. Eu não estava só, compúnhamos uma intrépida trupe, que desafiando o senso comum de que política só se faz com muito dinheiro, insistíamos em levar adiante a candidatura de um jovem deputado estadual, de primeiro mandato, ao cargo de governador do Amapá, além, claro, da minha ao Senado e a de Janete, minha companheira de vida e de luta, à Câmara dos Deputados. O que sobrava de ousadia, disposição e entusiasmo faltava em dinheiro. Peregrinávamos de porta em porta, em campanha eleitoral, falando de nossos projetos e pedindo votos de confiança. Chegamos à granja de Cláudio. Alguém abriu a porteira. Nossos carros assustaram os cabritos que pastavam nas laterais da estradinha de terra batida. Ele nos viu de longe, largou o que estava fazendo, veio em nossa direção e antes de me cumprimentar, exclamou: - Você é o cavalo que saiu do poço! Confesso que me assustei. Ser chamado de cavalo na chegada não parecia uma maneira cordial de ser recebido. Em seguida, Claudio apertou a minha mão e me abraçou. Virou-se aos demais e lhes disse: - Um fazendeiro, depois de fazer de tudo para retirar um cavalo que caíra no poço da fazenda, desanimou e decidiu enterrar o animal ali mesmo. Com uma pá foi jogando terra dentro do poço. A terra caia no lombo do animal que se sacolejava todo fazendo deslizar a terra, ao mesmo tempo em que a pisoteava com seus cascos. Ao final, quando o fazendeiro menos esperava, o cavalo emergiu do fundo do poço. É isso aí. Você, Capi, é o cavalo que vai sair do fundo do poço nessas eleições, só que em vez de terra, seu alicerce serão os votos conscientes do povo do Amapá. Pois olhem! Não é que a profecia de Cláudio se concretizou, o protagonismo popular não se fez de rogado, o jovem candidato Camilo, que também é meu filho, foi eleito governador; eu, senador e sua mãe, deputada federal. Mas, como dizia o poeta Drummond, no meio do caminho tinha uma pedra, pedregulho esse que em alguns momentos imaginei irremovível. Mas Deus não dorme, e finalmente, a norma que mudou a regra do jogo no segundo tempo da partida (Lei da Ficha Limpa), por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), não se aplicaria nas eleições de 2010, confirmando a vontade soberana e generosa do povo do Amapá, ou nas palavras de Claudio, transformando-me no cavalo que emergiu do fundo do poço. * Ex-prefeito de Macapá, ex-governador, senador eleito no pleito de 2010 às vésperas de ser diplomado.
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