Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. A crise do abastecimento de água em São Paulo

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

A crise do abastecimento de água em São Paulo

Congresso em Foco

8/6/2014 | Atualizado 9/6/2014 às 8:37

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Rubem Porto e Marco Palermo * O Sistema Cantareira, o maior dos sistemas produtores de água para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, está em crise. Capaz de armazenar 978 milhões de metros cúbicos para regularizar o regime dos rios que o constituem e responsável pelo abastecimento de cerca de nove milhões de pessoas, o Cantareira encontra-se hoje com, aproximadamente, 10% de sua capacidade útil (98 milhões de metros cúbicos). Segundo os órgãos gestores de recursos hídricos da União e do Estado, o armazenamento deveria ser cerca de 60% (590 milhões de metros cúbicos). Inúmeras razões são apontadas no meio técnico e na mídia para a ocorrência da situação. A mídia está exercendo importante papel ao manter o assunto em evidência; técnicos e especialistas utilizam dados e conhecimentos especializados para dar respostas a uma série de questões com vistas à superação da crise; e aprimoramento de políticas de operação, critérios de planejamento e planos de contingência; órgãos responsáveis trabalham para administrar a crise de forma a minimizar os prejuízos para a sociedade. Entretanto, algumas das análises e opiniões tratam o problema de forma parcial, baseando-se em informações incorretas ou não comprovadas cientificamente. A confusão começa com o conceito de que atribuiu erroneamente ao termo "Volume Morto". Na verdade, este termo significa, simplesmente, um volume que não é utilizado durante a operação do reservatório em condições normais. Dependendo de fatores como as finalidades do reservatório, sua topografia e o arranjo de suas estruturas, o Volume Morto pode ficar em cotas elevadas, até mesmo nas proximidades do topo da barragem. Não existe nenhuma relação entre este termo técnico e coisa "morta", "podre" ou de "má qualidade". Termos mais apropriados para definir este armazenamento seriam "volume inativo", "reserva técnica", "reserva de contingência" e outros assemelhados. A utilização de volumes inativos constitui estratégias usuais para a administração de crises. No Ceará, a medida socorreu o sistema que abastece Região Metropolitana de Fortaleza, que passava por crise semelhante à de São Paulo. No caso do Sistema Cantareira, os Volumes Mortos nos Reservatórios de Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha situam-se em cotas altas (cerca de 26 m acima do fundo: correspondente a um edifício de 8 andares) e não existem razões técnicas ou ambientais que impeçam seus aproveitamentos. O bombeamento nos reservatórios totalizará cerca de 200 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a aproximadamente 22,5% do volume útil e garantirá sobrevida importante ao Sistema. Por essas razões, algumas informações divulgadas na mídia merecem ser esclarecidas sobre as consequências da utilização do volume morto. São elas: i) após o bombeamento do volume morto ainda restarão cerca de 200 milhões de metros cúbicos nos reservatórios; ii) não há risco do bombeamento revolver sedimentos, as profundidades são muito grandes e as bombas, flutuantes, estarão captando água em local distante da superfície do reservatório; iii) lagos, como os do Sistema Cantareira, recirculam verticalmente e carregam oxigênio das camadas superficiais para as mais profundas; iv) Há mais de 40 anos a qualidade das águas das bacias dos rios Atibaia, Jaguari e Piracicaba é monitorada pela CETESB, desde a década de 70, e nunca foram apontados problemas causados pelas descargas imediatamente a jusante das obras; e v) as reservas do Cantareira são de aproximadamente 10%, o bombeamento as elevará a aproximadamente 33% (322 hm3). Tal reserva deverá ser suficiente para garantir o abastecimento até a próxima estação chuvosa desde que as medidas de gestão de demanda tenham continuidade e, em caso de necessidade, sejam aprofundadas. A utilização do Volume Morto é necessária porque é a única medida capaz de aportar tal quantidade de água, a curto prazo. Entretanto, não é medida a que se possa recorrer com frequência e uma vez superada a crise é essencial que as instituições do setor revisem suas estratégias para enfrentar estiagens futuras, semelhantes à que vivemos hoje. Nos tempos de Quaresma precisamos refletir sobre nossas ações passadas e nossas atitudes com relação ao futuro. A ressurreição do Volume Morto foi necessária, mas não pode ser renovada a cada ano, a exemplo do que ocorre na fé cristã. * Rubem L. Porto é professor da Escola Politécnica da USP. Marco Palermo é doutor em Engenharia de Recursos Hídricos pela Escola Politécnica da USP. Leia ainda: Dez erros da Sabesp que provocaram a falta de água em São Paulo Nosso jornalismo precisa da sua assinatura
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

São Paulo Fórum água sistema cantareira abastecimento de água recursos hídricos

LEIA MAIS

Fórum BRICS

Fórum Parlamentar do BRICS começa com reuniões de mulheres e comissões

Acordo

STF homologa acordo que amplia câmeras na PM de São Paulo

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Veja como cada deputado votou na urgência para derrubar decreto do IOF

2

Piso Salarial

Comissão da Câmara aprova piso salarial para tradutores e intérpretes

3

TRÊS PODERES

Entenda as "emendas paralelas" que entraram no radar do STF

4

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

PL das Eólicas: derrubar veto deve garantir empregos e reduzir impacto

5

DERROTA DO GOVERNO

O que o Congresso derrubou: veja ponto a ponto os vetos rejeitados

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES