Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
8/6/2011 4:39
Fábio Góis
Com posse inicialmente marcada para as 16h na Casa Civil, a nova ministra da pasta, Gleisi Hoffmann (PT-PR), não pôde ser pontual para o compromisso no Palácio do Planalto. Anunciada ontem (terça, 7) como a sucessora de Antônio Palocci, alijado do posto em razão das denúncias de enriquecimento ilícito dos últimos quatro anos, a petista fez no início da tarde desta quarta-feira (8) seu discurso de despedida na tribuna do plenário. Ao todo, 54 senadores provocaram o atraso da senadora na cerimônia de posse, em pedidos de aparte que variaram do elogio contido ao galanteio, da advertência quanto à responsabilidade à defesa entusiasmada contra críticas. O número de senadores aparteantes seria suficiente para a votação de uma proposta de emenda à Constituição, por exemplo, que exige um terço dos 81 senadores para ser votada em plenário.
Em despedida, Gleisi faz discurso conciliador
Íntegra do discurso de despedida de Gleisi
Décima mulher nomeada pela presidenta Dilma para ocupar um ministério, a senadora iniciou o pronunciamento ? agora sim, pontualmente ? às 14h30, horário que havia adiantado na primeira entrevista coletiva após o anúncio da indicação, em uma comissão do Senado, no início da noite de ontem. Sua fala durou meros cinco minutos, enquanto a série de apartes consumiu quase uma hora e meia. A solenidade de posse na Casa Civil foi iniciada com 20 minutos de atraso, às 16h20.
?Peço aos senhores senadores que sejam brevíssimos, uma vez que pode parecer que o Senado está querendo obstruir a posse da ministra?, gracejou Sarney, ansioso por começar a ordem do dia e impedir o atraso da colega. Mas não adiantou. A sequência de apartes só terminou às 16h. ?Levo o Senado comigo, e serei sempre lá um ouvido atento às demandas dessa Casa?, concluiu Gleisi, depois de se despedir e agradecer a presença maciça dos senadores e lembrar ter recebido ligação de congratulações de Itamar Franco (PPS), que está internado em São Paulo para tratar uma leucemia.
Fernando Collor (PTB-AL) foi o primeiro a apartear Gleisi, seguido de Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Logo depois, o primeiro oposicionista inscrito para aparte (foram oito ao todo) foi Aécio Neves (PSDB-MG). ?Meu velho avô Tancredo, que ocupou esta tribuna por tantas e tantas vezes, costumava dizer em tom de brincadeira, mas com um sentido muito sólido e real, que deveria haver um artigo na Constituição que obrigasse todo detentor de cargo executivo, pelo menos por uma vez ou por um determinado período, a ter uma experiência parlamentar?, pontuou o tucano, em meio a elogios e votos de boa sorte.
Cristovam Buarque (PDT-DF), classificado por Gleisi como ?referência política? ? deferência feita também a Pedro Simon (PMDB-RS), um dos últimos a falar ?, aconselhou-a a manter o diálogo com o Parlamento ao dizer que cederia seu espaço na Casa para que a oposição pudesse interagir com a Casa Civil. ?O convite é para que venha aqui, de vez em quando, tomar um cafezinho com a gente. Especialmente com a oposição. Eu cedo até o meu lugar de base de apoio para que tome com o Aécio Neves, por exemplo, porque daí podem surgir coisas mais interessantes para o país?, sugeriu.
Randolfe Rodrigues (Psol-AP), admirador declarado de Gleisi, foi além e disse que, ao contrário das limitações técnicas atribuídas à senadora por críticos da indicação, a senadora serviria também para a articulação política. ?Tenho certeza de que vossa excelência tem condições técnicas. E digo mais, que a presidente Dilma não lhe limite as condições técnicas. Vossa excelência tem condições políticas de dialogar com a base do governo, com a oposição e fazer com que este país avance e dê certo?, ponderou.
Mas foi o senador Ivo Cassol (PP-RO) que fez o aparte mais ácido da tarde. Ele rebateu, sem citar nomes, as críticas de que Gleisi não teria experiência suficiente para ocupar o posto. ?Aqueles que falaram ontem, infelizmente, por dor de cotovelo ou por falta de espaço, dizendo que a senhora tem pouca experiência na vida política. Quero dizer para essas pessoas que nós não estamos em busca de macacos velhos ou de bananeira que já deu cacho. Nós estamos em busca de pessoas de visão ou de competência para fazermos um Brasil melhor?, fustigou o parlamentar rondoniense, em menção indireta a nomes como o deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), um dos que apontaram a suposta falta de traquejo político.
Já Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que protagonizou com governistas cenas de bate-boca em plenário, na disputa que levou ao arquivamento de duas medidas provisórias, deixou de lado a animosidade daquela ocasião para elogiar e desejar boa sorte à ?valorosa? colega. ?A oposição vai ficar mais tranqüila. Vossa não vai estar nos vigiando?, lembrando que a senadora, por ocupar assento vizinho ao seu noplenário, não faria mais ?marcação corpo a corpo?. ?Que Deus lhe abençoe e proteja na nova missão que lhe foi confiada pela presidente Dilma?, despediu-se Flexa.
Mas coube a Jorge Viana (PT-AC), o aparte mais poético da tarde. ?A mulher não administra nem gerencia. Ela cuida?, declamou o irmão do governador do Acre, Tião Viana. Lirismo igualmente contido na intervenção de Marcelo Crivella (PRB-RJ), que exaltou ?a ternura, a doçura, a bondade da alma feminina?.
Leia ainda:
Servidor de Gleisi ?previu? posse da chefa na Casa Civil
Temas
EM RESPOSTA AO SUPREMO
Senado defende regras da Lei do Impeachment para ministros do STF
NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS
Lula celebra 95 anos do MEC com caminhada e alfineta Bolsonaro
ALEXANDRE PADILHA