Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
23/9/2010 6:00
Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Quando se trata de promessas políticas então, aí é que a desconfiança bate forte. A candidata do PT à Presidência de República, Dilma Rousseff, parece querer agradar às ONGs ambientalistas quando o assunto é a queda de braço sobre as mudanças no Código Florestal. Em resposta a perguntas feitas pelas entidades, a provável substituta de Lula se mostrou, ao menos na teoria, alinhada com o pensamento ambientalista.
A posição da candidata sobre o novo Código Florestal foi divulgada nesta semana no documento Consulta aos Presidenciáveis, elaborado a partir de questionamentos de 12 ONGs, entre elas, o Greenpeace, a SOS Mata Atlântica, a WWF-Brasil e o ISA. O documento, em formato pergunta e resposta, traz uma entrevista com cada um dos quatro principais candidatos à Presidência da República: Dilma Rousseff, José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (Psol).
Os quatro responderam às mesmas sete perguntas. Todos se posicionaram contra a anistia a multas por desmatamentos ilegais - apesar de Dilma não ter falado diretamente "sou contra a anistia", como os demais. Todos defenderam que é dever de todos, e não só do Estado, preservar o meio ambiente - e, lê-se nas entrelinhas, que defendem que é dever do proprietário rural preservar áreas de florestas dentro de suas terras. E todos desacreditaram o argumento da bancada ruralista no Congresso de que a atual legislação ambiental é um entrave à produção rural.
Mas foram as respostas de Dilma as mais completas e bem estruturadas. A ex-ministra de Lula disse que discorda "da conivência com o desmatamento e da leniência e flexibilidade com os desmatadores". Defendeu que "o Brasil pode expandir sua produção agrícola sem desmatar" e pontuou, inclusive, a importância da reserva legal nas propriedades rurais - um instrumento da política ambiental brasileira muito defendido por ambientalistas, mas considerado como um "confisco de terra", na visão de alguns agropecuaristas.
A candidata reforçou ainda a relevância das áreas de preservação permanente (APPs) nas beiras dos rios, como "um benefício também para o produtor rural". E considerou que manter as metas de redução das emissões de gases do efeito estufa é a sua "maior determinação" - o que é uma das grandes reivindicações e pressão de ambientalistas nacionais e internacionais, e que recai, sobretudo, no combate ao desmatamento, responsável por cerca de 70% das emissões no país.
Na teoria, Dilma se posicionou contrária a vários pontos do polêmico projeto de lei do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado em julho na comissão especial do Código Florestal na Câmara. Mas aproveitou para defender que é preciso "conciliar o interesse em manter cultivos consolidados" - uma das grandes reivindicações de agricultores -, e aproveitou para dizer que "não devemos estabelecer obrigações impossíveis a serem cumpridas para alguns", se referindo às exigências da legislação ambiental para o campo.
A candidata concluiu que "o futuro tem de combinar desenvolvimento com preservação do meio ambiente" e finalizou defendendo "desenvolvimento com sustentabilidade". Na teoria, Dilma parece ter incorporado o discurso "preservacionista" defendido pelas ONGs. Mas, na prática, tudo pode ser outra história...
Primeiro, porque os argumentos defendidos no documento se assemelham mais a idéias de representantes da pasta ambiental, do que propriamente a posições tomadas pelo atual governo em várias de suas decisões. Segundo, porque, no governo, Dilma sempre esteve mais ao lado de "desenvolvimentistas", do que de "preservacionistas". À frente da Casa Civil, ela foi uma das que mais pressionou pela redução de exigências ambientais para liberar licenças de obras polêmicas do PAC.
Então, pergunto: como Dilma pode mudar seu ponto de vista em tão curto prazo? De duas uma: ou a candidata petista se converteu à ecorreligião e agora defende as causas da natureza, ou o documento encaminhado às ONGs foi apenas para fazer média com ambientalistas. Dilma disse tudo, ou quase tudo, o que os ambientalistas queriam ouvir. Daí fica a interrogação: dá pra acreditar em políticos ou é melhor manter a fé em fadas, duendes, gnomos...?
Tags
Temas
LEIA MAIS
ENERGIA RENOVÁVEL
Governo impõe uso de energia limpa nova em projetos de exportação
Reforma Administrativa
SEGURANÇA PÚBLICA
Flávio Bolsonaro relata assalto na residência de seus avós no RJ
PEDIDO AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Moraes pede extradição de seu ex-assessor acusado de vazar informações
DESVIO DE APOSENTADORIAS
CPMI do INSS começa com disputa política e possível convocação de Lupi