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Congresso em Foco
4/3/2010 16:47
Rudolfo Lago
Enquanto o governador José Roberto Arruda está preso e o ex-governador Joaquim Roriz nada de braçada nas pesquisas, aparecendo indignado com o escândalo nos programas eleitorais de seu partido (o PSC), o PT do Distrito Federal se perde numa disputa interna. Pré-candidato ao governo do Distrito Federal pelo partido, o ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz divulgou uma carta aberta, com data de ontem (3), a seus colegas de legenda reclamando de fogo amigo. Agnelo reclama que tem partido de dentro do próprio PT insinuações de envolvimento dele com o ex-secretário de Assuntos Institucionais do DF Durval Barbosa, o homem que denunciou o esquema de propina de Arruda.
Embora a carta aberta não cite nomes, ela insinua nas entrelinhas que o alvo das reclamações de Agnelo é o deputado Geraldo Magela ou pessoas ligadas a ele. Agnelo é o nome do PT apoiado pelo Palácio do Planalto e pela direção do partido no DF. Mas Magela colocou também a sua pretensão pelo cargo e forçou a realização de prévias no PT para a escolha do candiato.
Antes de estourar a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que escancarou o esquema do mensalão do Arruda, Agnelo esteve no gabinete de Durval Barbosa e viu ali parte dos vídeos que o ex-secretário gravou incriminando o governador, políticos e empresários ligados a ele. Viu e, oficialmente, nada disse ou fez. É esse comportamento que baseia as insinuações de que Agnelo teria agido assim por algum motivo pouco nobre. Agora, na disputa com Magela, tais insinuações surgem entre os próprios petistas. É disso que Agnelo reclama.
"Nos últimos dias tivemos, infelizmente, a comprovação do que já suspeitávamos há tempos: têm origem em companheiros de nosso partido as insinuações de que eu teria cometido uma grave transgressão ao assistir, antes que fossem divulgadas a partir da operação Caixa de Pandora, gravações feitas pelo ex-secretário Durval Barbosa" inicia Agnelo.
"Esse fato vem sendo usado em uma orquestrada campanha contra minha candidatura ao governo do Distrito Federal", prossegue. "Começou em conversas de companheiros nossos com dirigentes de outros partidos políticos, continuou com a plantação de notas em colunas e blogs. Depois, passaram a dizer que existiria uma gravação com Durval Barbosa que me incriminaria, inviabilizando minha candidatura. Agora, finalmente, o assunto foi tratado abertamente por companheiros do PT nos debates visando às eleições prévias que se realizarão no dia 21", comenta Agnelo.
"O que mais me indigna é que [as insinuações] estejam sendo instrumento da luta política interna no PT, numa atitude desleal e prejudicial ao partido", protesta o ex-ministro.
Em seguida, Agnelo procura explicar o que aconteceu. "Não cometi nenhum ato ilícito, não feri nenhum procedimento ético, não assumi nenhum compromisso político ao assistir às gravações e não errei ao manter em sigilo o que havia visto", justifica ele. "Conforme já contei em meu blog, cerca de dois meses antes da operação Caixa de Pandora, fui convidado pelo jornalista Edson Sombra, que conheço há mais de 20 anos, a ver gravações que, segundo ele, comprovariam atos de corrupção no governo do Distrito Federal. Disse-me ele que o então secretário Durval Barbosa estava exibindo as gravações para jornalistas, políticos e outras pessoas, pois se sentia fragilizado e buscava respaldo para denunciar as irregularidades, uma vez que estavam tentando responsabilizá-lo por elas", diz ele.
Assim, segundo conta, Agnelo foi "no meio da tarde um dia útil", ao gabinete de Durval no GDF, no anexo do Palácio do Buriti e viu parte dos vídeos. Como político do DF, diz Agnelo, "é natural que tenha aceitado o convite de um amigo de longa data para conhecer possíveis provas de corrupção no governo do DF, ao qual fazia e faço oposição".
Agnelo diz que assistiu a três vídeos. Ele viu a gravação em que Arruda aparece recebendo dinheiro e a que Leonardo Prudente coloca a propina na meia. "Não me lembro qual era o personagem da terceira, que não soube identificar", diz ele.
"Minha impressão foi de que as gravações haviam sido editadas. Depois, com a divulgação pública, vi que estava certo, pois no material a mim mostrado não aparecia o então secretário Durval Barbosa", continua. "Mantive sigilo sobre o que havia visto. Qualquer atitude minha, sem ter as gravações em meu poder e sem ter como comprovar a autenticidade delas, poderia ser interpretada como ação político-eleitoral de um possível candidato e assim prejudicar as denúncias que Durval Barbosa dizia que iria fazer. Eu não tinha como provar nada e não tinha certeza de que o então secretário entregaria as gravações ao Ministério Público e à polícia, para comprovar minhas acusações", justifica-se.
"Dizem, em tom de ameaça, que Durval Barbosa gravou minha presença em seu gabinete. Como já disse, torço para que tenha mesmo gravado, para que fique claramente demonstrado que, ao contrário do que insinuam maldosamente adversários políticos, não tratei de nenhum outro assunto com ele e não cometi nenhum ato ilícito. A gravação, se existe, mostrará que durante minha presença no gabinete do então secretário limitei-me a assistir às imagens que ele me mostrou", afirma.
Leia a íntegra da carta aberta de Agnelo:
"Carta aberta às companheiras e aos companheiros do PT
03 de março de 2010
Nos últimos dias tivemos, infelizmente, a comprovação do que já suspeitávamos há tempos: têm origem em companheiros de nosso partido as insinuações de que eu teria cometido uma grave transgressão ao assistir, antes que fossem divulgadas a partir da operação Caixa de Pandora, gravações feitas pelo ex-secretário Durval Barbosa.
Esse fato vem sendo usado em uma orquestrada campanha contra minha candidatura ao governo do Distrito Federal. Começou em conversas de companheiros nossos com dirigentes de outros partidos políticos, continuou com a plantação de notas em colunas e blogs. Depois, passaram a dizer que existiria uma gravação com Durval Barbosa que me incriminaria, inviabilizando minha candidatura. Agora, finalmente, o assunto foi tratado abertamente por companheiros do PT nos debates visando às eleições prévias que se realizarão no dia 21.
É claro que essas acusações levianas contra mim extrapolam o PT são exploradas também por nossos adversários políticos, que espalham, anonimamente, boatos sem qualquer fundamento. Mas o que mais me indigna é que estejam sendo instrumento da luta política interna no PT, numa atitude desleal e prejudicial ao partido.
Por isso, volto a tratar do assunto, em consideração às companheiras e companheiros do PT. Não cometi nenhum ato ilícito, não feri nenhum procedimento ético, não assumi nenhum compromisso político ao assistir às gravações e não errei ao manter em sigilo o que havia visto. As acusações que me fazem têm por objetivo tentar prejudicar minha candidatura ao governo do Distrito Federal e atingir o PT no momento em que o partido tem plenas condições de voltar ao governo do Distrito Federal.
Conforme já contei em meu blog, cerca de dois meses antes da operação Caixa de Pandora fui convidado pelo jornalista Edson Sombra, que conheço há mais de 20 anos, a ver gravações que, segundo ele, comprovariam atos de corrupção no governo do Distrito Federal. Disse-me ele que o então secretário Durval Barbosa estava exibindo as gravações para jornalistas, políticos e outras pessoas, pois se sentia fragilizado e buscava respaldo para denunciar as irregularidades, uma vez que estavam tentando responsabilizá-lo por elas.
Fui sozinho, no meio da tarde de um dia útil, ao gabinete do então secretário de Articulação Institucional do GDF, Durval Barbosa, no anexo do Palácio do Buriti. No corredor fui recebido pelo jornalista Edson Sombra, que me apresentou a Durval Barbosa. O local é público e de grande movimento. Não tive nenhuma preocupação por estar sendo visto, pois nada estava fazendo de errado ao ir, à luz do dia, ao gabinete de um secretário do GDF. Nada tinha e nada tenho a esconder.
Como sabem, fui deputado distrital na primeira legislatura, exerci três mandatos de deputado federal, fui ministro do Esporte e candidato ao Senado muito bem votado. Sou político atuante e de vida limpa. É natural que tenha aceitado o convite de um amigo de longa data para conhecer possíveis provas de corrupção no governo do DF, ao qual fazia e faço oposição. Em toda minha vida pública nunca tive receio de conversar com qualquer autoridade de qualquer governo, pois tenho a convicção de que só têm medo de conversar com adversários os que não confiam em si próprios.
Assisti a três gravações que me foram mostradas. Uma, em que o então governador José Roberto Arruda recebia dinheiro de uma pessoa que não aparecia no vídeo. Outra, em que o então deputado Leonardo Prudente recebia dinheiro. Não me lembro qual era o personagem da terceira, que não soube identificar.
Minha impressão foi de que as gravações haviam sido editadas. Depois, com a divulgação pública, vi que estava certo, pois no material a mim mostrado não aparecia o então secretário Durval Barbosa.
Mantive sigilo sobre o que havia visto. Qualquer atitude minha, sem ter as gravações em meu poder e sem ter como comprovar a autenticidade delas, poderia ser interpretada como ação político-eleitoral de um possível candidato e assim prejudicar as denúncias que Durval Barbosa dizia que iria fazer. Eu não tinha como provar nada e não tinha certeza de que o então secretário entregaria as gravações ao Ministério Público e à polícia, para comprovar minhas acusações.
Não comentei o assunto sequer com meus correligionários e amigos mais próximos, para evitar especulações e não ser leviano. Dizem, em tom de ameaça, que Durval Barbosa gravou minha presença em seu gabinete. Como já disse, torço para que tenha mesmo gravado, para que fique claramente demonstrado que, ao contrário do que insinuam maldosamente adversários políticos, não tratei de nenhum outro assunto com ele e não cometi nenhum ato ilícito. A gravação, se existe, mostrará que durante minha presença no gabinete do então secretário limitei-me a assistir às imagens que ele me mostrou.
Lamento que esse episódio continue sendo explorado com interpretações intencionalmente equivocadas e de má-fé e com insinuações de que eu teria feito acordos ou compromissos com o ex-secretário Durval Barbosa. Nada fiz de errado e nada tenho a temer.
Brasília,
3 de março de 2010"
Agnelo Queiroz
Temas
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