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Congresso em Foco
11/5/2011 7:00
Walter Pinheiro*
No melhor estilo ?esqueçam o que escrevi?, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou às páginas para tentar explicar seu malfadado artigo de três semanas atrás, quando sugeriu ao PSDB abandonar o ?povão? caso o partido tenha em seus planos voltar ao poder. Mais humilde, FHC admitiu pela primeira vez que o novo Brasil, título do seu novo artigo, nasceu bem antes do Plano Real.
?Os fundamentos desse novo país começaram a se constituir a partir das greves operárias do fim da década de 1970 e da campanha das Diretas Já, que conduziram à Constituição de 1988. Este foi o marco inicial do novo Brasil: direitos assegurados, desenho de um Estado visando a aumentar o bem-estar do povo, sociedade civil mais organizada e demandante, enfim, liberdade e comprometimento social ?, reconheceu o ex-presidente no seu escrito de 1º de maio.
Como se observa em nossos grifos, esses fundamentos ficaram distantes dos dois governos de FHC, numa prova de que não basta o diagnóstico para vencer nossas mazelas sociais. Para se aumentar o bem-estar do povo não pode faltar, enfim, comprometimento social.
Para os governos de Fernando Henrique e do PSDB, a democratização do novo Brasil se esgotou na Constituinte. Daí a sua tibieza e ausência de prioridade na promoção do bem-estar das camadas mais pobres da população, confirmada em seu artigo ao citar em último lugar as ?demandas sociais?. Ao não atendê-las, FHC contribuiu para manter o país, senão mais pobre, certamente ainda mais injusto.
O Programa Bolsa Escola, por exemplo, transformado no Bolsa Família do governo Lula, foi obra de Roberto Magalhães Teixeira, prefeito de Campinas (PSDB-SP) e de Cristovam Buarque, governador de Brasília (PT-DF), quase simultaneamente. Mas só seis anos depois seria adotado a nível federal, e ainda assim de forma tímida, ao apagar das luzes do governo FHC.
O aumento real do salário mínimo durante Lula foi superior ao apontado pelo líder tucano. Com FHC, o ganho foi de 85,34%, e no de Lula de 100,97%. Dolarizado, o mínimo de FHC teve seu melhor momento em maio de 1998, valendo US$ 113,05. Sob Lula, bateu o equivalente a 296,17 dólares em janeiro de 2010.
Essas comparações, embora recorrentes, são inevitáveis diante da insistência de FHC em tentar ver refletidas no espelho, como suas, realizações dos governos do PT sob a liderança do presidente Lula.
A nova classe média a que se refere Fernando Henrique é fruto de uma política econômica com profundo viés social que orientou o crescimento do país nos últimos oito anos. Com ênfase na distribuição de renda, no apoio aos pequenos negócios e no fortalecimento do mercado interno.
Tal responsabilidade precisa ser compartilhada pela iniciativa privada, notadamente por aquelas empresas que avançaram além das nossas fronteiras com o estímulo do Estado. Ou, ainda, as que pretendem participar da construção da infraestrutura do país, mas que resistem em dividir com o governo os custos dos investimentos.
Finalmente, mas igualmente importante, é natural uma economia em crescimento ceder à inflação. Esta dificilmente se manifesta nos momentos de paralisia econômica, e quando ocorre é facilmente controlável. Torna-se mais difícil equilibrar suas taxas em meio a um elevado desempenho econômico. Ou em momentos de grande liquidez do mercado internacional quando se tem uma economia globalizada.
Volta-se, então, à questão da dose do remédio não apenas para manter vivo, mas também para ter a certeza de um bom prognóstico para o paciente. Um coquetel de medidas econômicas está mantendo o crescimento, os 15 milhões de empregos criados nos últimos oito anos, a renda do trabalhador elevada e sustentando o mercado interno. E ainda deixando os pequenos cada vez mais partícipes das riquezas do Brasil.
*Senador pelo PT da Bahia
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