Ruralistas rebatem ministra sobre Código Florestal

Renata Camargo

O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PPS-RO), reagiu nesta terça-feira (23) às declarações da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que considerou ontem (22) que o projeto do novo Código Florestal não foi debatido o suficiente para ser votado na Câmara ainda neste ano. O deputado ruralista acusou a ministra de se "omitir" nas discussões da nova lei no Congresso e afirmou que a fala da Izabella "causa estranheza".

"Ela teve o ano inteiro para discutir o assunto e se omitiu. Quem verdadeiramente se omitiu desse debate foram o Ministério do Meio Ambiente e os próprios ambientalistas, que não têm propostas e não apresentam soluções, só fazem barulho", disse Moreira Mendes, justificando que os deputados da bancada ruralista discutiram as mudanças no Código Florestal durante um ano, no âmbito da comissão especial.

Na tarde de ontem, a ministra Izabella defendeu o adiamento da votação do Código Florestal no Congresso. A representante da pasta ambiental do governo afirmou que "a proposta que está em discussão é insuficiente" e que "o tema requer mais debate". "Somos a favor da modernização do Código Florestal, mas precisamos aperfeiçoar o debate, considerando as diferenças regionais", disse.

Na avaliação da ministra, há uma "elite política, tradicional e associada à agropecuária" que não deseja ampliar o debate sobre as mudanças no código. "Quando falo em elite são os segmentos que não querem debater por serem radicais, tanto do lado ambiental quanto do lado da agricultura", justificou.

Para o presidente da Frente Agropecuária, o que a ministra chama de "elite política, tradicional e associada à agropecuária" são, segundo ele, "brasileiros cientes de que o Código Florestal em vigor não permite o crescimento do setor agropecuário". Moreira Mendes defende que o projeto do novo Código Florestal - de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) - seja votado no plenário da Câmara ainda neste ano e que as discussões sobre a matéria fiquem para o Senado.