Edson SardinhaAs denúncias de corrupção contra o governador José Roberto Arruda beneficiaram o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), também citado no inquérito da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (22) pela
Folha de S. Paulo mostra que, se as eleições fossem hoje, Joaquim Roriz seria eleito em primeiro turno.
No primeiro levantamento após as denúncias contra Arruda, o ex-governador tem entre 44% e 48% das intenções de voto nas seis simulações feitas pelo instituto. Em todos os casos, ele tem mais da metade dos votos válidos, o que impediria a realização do segundo turno. O atual governador - que não pode disputar mais as eleições de 2010 por estar sem partido - viu sua preferência cair de 40% e 41%, conforme pesquisa anterior, para 8% e 11%.
Roriz renunciou ao mandato no Senado em 2007 para escapar de processo de cassação e evitar a perda dos direitos políticos por oito anos. Ele também é apontado pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa de ter começado o esquema de corrupção revelado pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora.
O Datafolha ouviu 510 eleitores no Distrito Federal entre os dias 14 e 18 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
De acordo com o instituto, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é quem aparece mais próximo de Roriz na pesquisa. Governador do DF entre 1995 e 1998, Cristovam aparece com 17% em um dos cenários. Na mesma simulação, Roriz lidera com 44%. Depois do pedetista, vêm o ex-ministro Agnelo Queiroz (PT), com 9%, o atual vice-governador Paulo Octávio (DEM), com 5%, e o senador Gim Argello (PTB), com 4%.
Paulo Octávio também é acusado por Durval de ter recebido recursos do mensalão do Arruda. Em depoimento prestado em São Paulo, o ex-secretário disse que entregou R$ 200 mil ao vice-governador há um ano e meio. Apesar das denúncias, Paulo Octávio se mantém na presidência do diretório regional do DEM.
Arruda em 2ºNa pesquisa espontânea, sem apresentação de lista de candidatos, Roriz também lidera, com 23% das intenções de voto. Mesmo com a crise, Arruda aparece em segundo lugar, com 5%, à frente de Agnelo, que tem 2%. Paulo Octávio e Argello, com 1% cada, figuram na frente de Cristovam, que não atinge 1% das citações. Ao todo, 28% informaram não saber ainda em quem votar.
A pesquisa também mostra que menos da metade dos entrevistados sabe que haverá eleição para o governo do Distrito Federal no ano que vem. Apenas 46% disseram saber da disputa eleitoral em outubro de 2010.
Roriz renunciou ao mandato no Senado em julho de 2007. Em uma gravação telefônica feita pela Polícia Civil do Distrito Federal, na Operação Aquarela, Roriz e o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin Moura tratavam da partilha de R$ 2,2 milhões.
Diretores do BRB foram presos na época, acusados de desviar recursos do banco. Alvo de um processo de cassação, Roriz afirmou que o dinheiro foi um empréstimo feito ao empresário Nenê Constantino. Parte do dinheiro, segundo ele, foi para a compra de uma bezerra. O restante teria sido entregue ao empresário em espécie.
Roriz, que foi governador do DF quatro vezes, e Arruda romperam após as eleições de 2006. Mas parte dos aliados do ex-governador continuou no GDF com o sucessor. Um deles, Durval Barbosa, é o pivô das denúncias que resultaram no inquérito da Operação Caixa de Pandora. Segundo ele, Roriz autorizou o esquema mantido por Arruda (
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