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Congresso em Foco
27/10/2009 20:57
Eduardo Militão
Os dois deputados investigados pela acusação de fazerem comércio ilegal de créditos de passagens aéreas na Câmara foram considerados inocentes, até prova em contrário, das denúncias. Essa é conclusão dos dois relatórios apresentados na noite desta terça-feira (27) à Comissão de Sindicância para avaliar as condutas de Paulo Roberto (PTB-RS) e Eugênio Rabelo (PP-CE). Houve um pedido de vista dos pareceres e o caso deverá ser votado apenas na quarta-feira da semana que vem (4).
Apesar de pedir o arquivamento das denúncias sobre comércio de passagens, um dos relatórios, produzido por Marcelo Ortiz (PV-SP), recomenda que o deputado Paulo Roberto seja processado no Conselho de Ética por contratação irregular de funcionários, sendo dois deles supostos "fantasmas".
De acordo com Ortiz e Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), os dois relatores, não existem provas para culpar nenhum parlamentar por comércio ilegal de créditos aéreos. Por essa acusação, 44 servidores e ex-servidores da Câmara respondem a processo administrativo disciplinar depois de serem investigados por uma comissão de sindicância voltada apenas para os funcionários da Casa.
"Não me cabe dizer se é inocente ou culpado, mas não se encontrou um motivo para a abertura de processo", resumiu Mendes Ribeiro, que analisou a conduta de Eugênio Rabelo.
Rabelo era acusado por uma ex-funcionária, Fabiana Leite, de comercializar as passagens do gabinete. Os bilhetes foram vendidos a terceiros por meio do agente viagens Pedro Damião Pinto Rabelo. Mas a ex-servidora não compareceu a nenhum dos depoimentos da comissão para confirmar o que dissera à outra comissão de sindicância.
"O depoimento dela foi desmentido por todos os outros ouvidos, inclusive pelo companheiro dela, que disse que ela tinha problemas", afirmou Mendes Ribeiro. O deputado ainda disse que Fabiana falsificou documentos no gabinete. Procurada pelo Congresso em Foco, Fabiana não foi encontrada na noite de hoje para comentar o assunto.
Filhos fantasmas
Ortiz, que estudou as condutas de Paulo Roberto, diz que, embora não haja provas de participação do colega no comércio de passagens, o parlamentar investigado quebrou o decoro na administração de seu gabinete. Segundo o relatório, o chefe de gabinete de Paulo Roberto, Luiz Gustavo Nogueira, pediu demissão do cargo, mas continuou trabalhando de fato para o deputado.
Durante esse período, foram contratados os dois filhos de Luiz Gustavo, Luiz Flávio e Luiz Augusto. Entretanto, eles "pouco apareciam" no trabalho. "Era um funcionário de fato e dois fantasmas", explicou Ortiz. "Isso leva à falta de decoro; não é criminoso, mas não é ético", acrescentou.
Partilha de salários
Apesar disso, Ortiz desconsiderou a denúncia de Luiz Gustavo segundo a qual Paulo Roberto embolsava os salários de seus filhos. Em depoimento à comissão, os filhos do chefe de gabinete disseram que só recebiam R$ 500 de seu pai por constarem da folha de pagamento da Casa.
Os salários de Luiz Flávio e Luiz Augusto eram de, respectivamente, R$ 8 mil e R$ 3 mil. O chefe de gabinete acusa Paulo Roberto de ficar com o primeiro salário integralmente e de reter R$ 1.700 do segundo ordenado.
Mas Ortiz afirma que a denúncia não tinha comprovação. "Ninguém nunca viu essa entrega de dinheiro ao deputado", contou, após a reunião da comissão.
Mudanças
A comissão de sindicância é formada pelo corregedor da Câmara, ACM Neto (DEM-BA), a quem cabe apresentar o relatório final à Mesa da Casa, e pelos deputados Odair Cunha (PT-MG), Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), Ortiz e Mendes Ribeiro.
A comissão deve fazer modificações no textos apresentados nesta noite. Entre as possibilidades, está a inclusão no relatório das denúncias de partilha de dinheiro no gabinete de Paulo Roberto.
Outra questão é analisar despesas de locação de imóveis de Eugênio Rabelo que chamaram a atenção dos parlamentares. Os membros da comissão não detalharam que gastos seriam esses.
Após aprovado pela comissão, o relatório será votado pela Mesa da Câmara, da qual também fazem parte ACM Neto e Odair Cunha. Se a Mesa entender que as denúncias procedem, será aberto um processo no Conselho de Ética.
O Conselho de Ética deverá investigar o caso novamente e de maneira mais aprofundada. Se decidir aprovar o pedido de cassação de algum deputado, passará a palavra final ao plenário da Câmara. A votação é secreta e só depois dela é que o parlamentar terá o mandato cassado ou não, perdendo os direitos políticos por oito anos, período em que não poderá disputar eleições.
A reportagem não localizou Luiz Gustavo Nogueira e o deputado Eugênio Rabelo. O deputado Paulo Roberto pediu que o Congresso em Foco telefonasse mais tarde, mas, depois disso, não atendeu mais as ligações do site.
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