Se depender do presidente Lula, e de boa parte do PMDB no Senado, o ex-presidente da República e atualmente senador José Sarney (PMDB-AP) será, pela terceira vez, presidente da Casa. É o que mostra matéria publicada na edição desta semana da revista IstoÉ, que faz uma análise sobre as chances que o cacique peemedebista tem para presidir novamente o Senado.
Segundo a revista, o principal trunfo de Sarney é a estreita relação com o presidente Lula, intensificada por conversas cada vez mais freqüentes nas últimas quatro semanas – além do apoio mal disfarçado do presidente. "Se você quiser ser o presidente do Senado, está resolvido o problema. Eu não apenas não me oponho como apóio a solução”, registra a IstoÉ, que ressalta o vigor de Sarney aos 78 anos e em pleno exercício do mandato eletivo (aliás, com 53 anos de política).
Outro importante apoio de Sarney entre os pares é o do também ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) – que, nos bastidores, já articula a eleição do aliado. Mas não é só a gratidão política que move Renan a ser cabo eleitoral de Sarney: ele quer minar as pretensões de Tião Viana (PT-AC), que terá apoio inclusive de oposicionistas do PSDB e do DEM caso Sarney seja mesmo lançado pelo PMDB.
Renan não esquece o período em que, no ano passado, em meio a um turbilhão de denúncias e processos no Conselho de Ética do Senado, Tião atuou firmemente pela cassação do colega alagoano, tendo inclusive ocupado a presidência da Casa durante a licença e o posterior desligamento de Renan do posto. O peemedebista foi inocentado em plenário e no colegiado, mas nunca esqueceu o papel de Tião Viana durante seu “inferno astral”.
“Como aconteceu às vésperas de todas as suas principais conquistas políticas, Sarney deixa a ribalta para mergulhar de cabeça nas ações de bastidores. Sem declarar sua aspiração, torna-se o favorito para suceder Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) no comando do Congresso”, diz trecho da matéria da IstoÉ. Caso a possibilidade se confirme, Sarney, como presidente do Senado e do Congresso, dará posse ao próximo presidente da República. (Fábio Góis)