No Rio, corpo-a-corpo é a estratégia pelo segundo turno

Gabeira e Crivella disputam quem irá ao segundo turno contra Eduardo Paes
(Fábio Pozzebom e Antônio Cruz/ABr)

 

Em uma das disputas mais acirradas do país, os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro entram na reta final apostando no corpo-a-corpo com os eleitores. Para os candidatos Fernando Gabeira (PV) e Marcelo Crivella (PRB), o contato direto com o eleitorado será decisivo para definir qual dos dois irá disputar a próxima etapa com Eduardo Paes (PMDB).

 

De acordo com a última pesquisa Datafolha, o peemedebista segue na frente com 29% das intenções dos votos. Com um crescimento de 6 pontos percentuais nas últimas semanas, Gabeira aparece cada vez mais desenvolto na disputa, atingindo 17%.

 

“Acho que esse retrospecto é em razão principalmente dos programas e da trajetória política. Acredito que boa parte da cidade já está comigo”, disse Gabeira ao Congresso em Foco.

 

Apesar da confiança, o candidato terá de manter o fôlego nos últimos dias do primeiro turno para não ver o seu adversário direto, Marcelo Crivella, cruzar a linha de chegada na frente. De acordo com a pesquisa, Crivella está empatado tecnicamente com o parlamentar com 19% das intenções de voto. Procurado pela reportagem, o candidato não deu retorno às ligações e mensagens de correio eletrônico enviadas ao comitê eleitoral.

 

Para a deputada estadual, Beatriz Santos (PRB-RJ), integrante do comitê de campanha de Crivella, o crescimento de Gabeira ainda não assusta. “Não preocupa porque o candidato está trabalhando bem tranqüilo e com ética. Além do mais, o Gabeira não passou o Crivella”, considerou.

 

 

Apesar da tranqüilidade descrita por Santos, Crivella terá em sua agenda nos próximos dias uma verdadeira maratona nas comunidades de baixa renda. Já Gabeira aposta na estratégia de chamar atenção com seus passeios pela cidade. “Vou andar de jipe pela cidade, quero ser visto por todo mundo”, ressaltou ele.

 

Correndo por fora, aparece no terceiro bloco da disputa a candidata Jandira Feghali (PCdoB), que passou de 13% para 12% das intenções de voto. Nessa última terça-feira (30), ela recebeu apoio do deputado cassado José Dirceu (PT), que entrou em cena ao publicar nota de apoio à candidata.

 

No texto, Dirceu critica a estratégia dos partidos de esquerda da cidade pela falta de união a favor da candidata. O PT tem um candidato próprio, o deputado estadual Alessandro Molon.

 

“Só constatei uma realidade. Vi o que todos vêem – que a candidata Jandira Feghalli, do PC do B, é a única à esquerda que tem condições de passar à etapa seguinte” ressaltou o petista.

 

 

Apesar do confronto no primeiro turno entre Gabeira e Crivella, a tendência é que os dois se unam no segundo turno para tentarem bater Eduardo Paes, que conta com apoio do governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB).

 

Segundo Beatriz Santos, essa possibilidade foi desenhada antes do início das eleições. Gabeira, no entanto, desconversa ao ser questionado sobre a dobradinha. “Minha grande preocupação é com a sociedade, mas é claro que vou procurar os outros candidatos. Quanto ao Crivella, ele também tem chances de chegar”, avaliou.

 

Pesquisa Datafolha aponta, no entanto, vitória de Eduardo Paes no segundo turno independentemente do adversário. Em simulação com uma possível disputa com Crivella, o peemedebista teria 58% das intenções de votos contra 29% do candidato do PRB.

 

Em um segundo cenário, com a presença de Gabeira, Paes seria eleito com 53% contra 33% do candidato do PV. A menor diferença registrada na pesquisa é uma disputa direta de Paes com Jandira Feghali, que contaria com 51% e 37% das intenções de votos, respectivamente. (Erich Decat)