O banqueiro Daniel Dantas e mais nove pessoas investigadas pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), deixaram há pouco a Superintendência da PF em São Paulo indiciadas por gestão fraudulenta do Opportunity, banco de Dantas, e formação de quadrilha.
Agora, o banqueiro – apontado pela PF como o manda-chuva de um esquema bilionário de movimentações financeiras irregulares – terá um novo compromisso, no dia sete de agosto: o primeiro depoimento em juízo sobre a tentativa de suborno a agentes da PF, com o objetivo de excluir seu nome e o de seus familiares das investigações.
Ao deixar o prédio da Superintendência, o advogado do banqueiro, Nélio Machado, alegou a “motivação política” da Polícia Federal nesse caso. Ele advertiu que, caso o juiz Fausto Martins De Sanctis continue como o responsável pelos desdobramentos judiciais da Satiagraha, a estratégia da defesa será o silêncio do depoente durante os próximos depoimentos – direito assegurado ao réu, segundo o Código de Processo Penal.
“Eles [os responsáveis pelo inquérito] estão procurando um novo pretexto para encarcerar o meu cliente”, disse Machado.
Os advogados dizem acreditar que o juiz De Sanctis tem estilo “midiático”, e gosta de aparecer para a imprensa. Juiz da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo, Fausto De Sanctis foi o autor do primeiro mandato de prisão preventiva para Daniel Dantas, mas teve sua decisão suspensa por um habeas corpus concedido em favor de Dantas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.
A divergência dos magistrados quanto à prisão de Daniel Dantas gerou um mal-estar entre eles, dando ensejo a uma batalha judicial que deu um novo tempero ao caso. O impasse ganhou os holofotes da imprensa e, ato contínuo, manifestações contra e a favor da soltura do dono do Opportunity. (Fábio Góis e Paulo Franco*)
*De São Paulo, especial para o Congresso em Foco.
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