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Congresso em Foco
31/10/2007 | Atualizado às 14:35
Os senadores da oposição abandonaram, sob protestos, a votação do relatório do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) na CPI do Apagão Aéreo. Com isso, o governo conseguiu aprovar, por seis votos a um, o voto em separado (leia a íntegra) apresentado por João Pedro (PT-AM), livrando o deputado Carlos Wilson (PT-PE) do indiciamento.
A confusão na CPI começou quando o senador José Agripino (RN), líder do DEM na Casa, apresentou um requerimento no qual o PDT cedia ao DEM uma vaga na comissão. O senador potiguar solicitou, então, que a sessão fosse adiada até que a vaga fosse preenchida. O pedido foi negado.
O argumento de Agripino de que, assim como a oposição havia permitido o adiamento da votação, inicialmente marcada para ontem (30), o governo também deveria aceitar que a reunião fosse mais uma vez postergada até que o quorum estivesse completo foi rejeitado pelo vice-presidente da comissçao, Renato casagrande (PSB-ES). A sessão de ontem foi adiada a pedido de três senadores peemedebistas que disseram que não conseguiriam chegar a tempo para participar da reunião.
Gritando e batendo na mesa, o senador Mário Couto (PSDB-PA), único presente na sessão de ontem além do relator e do vice-presidente da comissão, disse que todo o trabalho de Demóstenes Torres seria jogado no lixo por questões políticas. "Acho que essa reunião está marcada. É uma falta de respeito votarem contra o relatório, porque este foi um trabalho sério", vociferou. "Desde quando não deixaram ver as contas de Carlos Wilson, vi que as coisas estavam armadas", completou.
O deputado Carlos Wilson (PT-PE) foi apontado por Demóstenes como chefe de uma quadrilha acusada de fraudar licitações da Infraero. A conclusão, no entanto, foi contestada pela base governista. O senador João Pedro (PT-AM) apresentou um voto em separado pedindo a exclusão do indiciamente de Carlos Wilson, que foi presidente da Infraero por três anos, do procurador federal Paulo Roberto Araújo e de mais 11 pessoas. Todos foram apontados pelo relator da CPI como responsáveis por fraudes na Infraero.
João Pedro também pediu o indiciamento da empresária Sílvia Pfeifer. Em seu parecer, ele aponta Sílvia como a "maior beneficiária do esquema de corrupção praticado pela empresa Aeromídia" e pede seu indiciamento por formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Ao perceber que estavam em minoria e que o relatório de Demóstenes Torres seria rejeitado pelo governo, os parlamentares da oposição fizeram discursos emocionados dizendo que a CPI e o Congresso estavam desmoralizados. Em seguida, abandonaram a votação.
"Desde quando não deixaram ver as contas de Carlos Wilson vi que as coisas estavam marcadas", disse Mário Couto. "As CPIs agora não têm moral. Quantas CPIs virão, quantos relatórios serão derrotados", criticou. "Fatos de corrupção foram colocados nesse relatório que será rasgado. Agora podemos dizer: 'olha Brasil, a corrupção pode ser instalada e também haverão outras crises", completou.
O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) também falou contra a rejeição do relatório de Demóstenes. "O governo interfere no Congresso com força autoritária, porque o poder Executivo é quem lida com o dinheiro, com as verbas".
Apesar da saída da oposição, a votação do parecer do relator da CPI e do voto em separado continuaram. Dessa maneira, o voto de João Pedro foi aprovado quase que por unanimidade. O voto contrário foi de Demóstenes Torres, único representante da oposição presente no momento da votação. (Soraia Costa)
Matéria atualizada às 13h22
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