A reclamação da bancada e uma traição por parte do PT levaram o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO), a reconsiderar a decisão de afastar os colegas de partido Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O anúncio foi feito, na manhã de hoje (11) pelo próprio Raupp, que afirmou que a decisão atende a um desejo da bancada no Senado. Jarbas e Simon ainda não se manifestaram a respeito do convite.
Os dois foram afastados da CCJ há uma semana, um dia depois que a comissão aprovar um projeto que afasta do cargo senadores que respondam a processo no Conselho de Ética. A matéria, relatada por Jarbas, também impede que um senador relate o processo de um colega de do mesmo partido.
Segundo Raupp, dois motivos o levaram a reconsiderar a decisão. Primeiro, uma consulta aos 20 senadores da bancada. Segundo, um desacordo com o Bloco de Apoio ao Governo, capitaneado pelo PT. Raupp afirma que, com a saída de Jarbas e Simon, o bloco também deveria retirar dois nomes da CCJ. “Uma das questões que pesou foi a não substituição também de algumas pessoas do bloco e havia um compromisso de que os dois fariam”, disse o líder peemedebista.
O senador evitou classificar o fato como uma traição aos petistas. “A gente entende que existem dificuldades”, amenizou Raupp. Dentro do bloco, os senadores mais próximos à “rebeldia” de Jarbas e Simon são Eduardo Suplicy (PT-SP) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
Na semana passada, Raupp disse que a volta dos dois senadores peemedebistas “rebeldes” estava condicionada ao compromisso de votar conforme a orientação do partido. Hoje, porém, ele disse que o compromisso é sempre conversar com os colegas e a liderança antes de tomarem decisões.
O líder do PMDB disse que o recuo não facilita a tramitação da CPMF pela comissão. “Pelo contrário, na CCJ as substituições melhorariam [o andamento da proposta]”, comentou Raupp. Ele acredita que a prorrogação do tributo será aprovada pela Casa em 23 de dezembro.
Interferência
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é apontado como o principal articular da retirada dos peemedebistas da CCJ. Ele responde a três processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. O peemedebista pode ainda responder a mais um, caso a Mesa Diretora envie ao colegiado a representação em que Renan é acusado de tentar espionar senadores goianos.
Raupp evitou comentar a necessidade da saída de Renan da presidência da Casa. Entretanto, disse que a pressão sobre o senador é difícil e vai além do que se viu na terça-feira (9), quando vários colegas pediram que o alagoano deixasse a presidência. “Se fosse só a sessão de terça-feira, seria bom. A cautela é boa para se encontrar uma saída para a crise. De que forma, eu não sei”, afirmou.
Raupp, que conversou ontem à noite com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, disse que o Planalto não interferiu na decisão de hoje.
Mágoa
Ontem, Pedro Simon afirmou estar “magoado” com sua retirada da CCJ. O parlamentar gaúcho, que está há 25 anos no Senado, afirmou que era titular da comissão desde o seu primeiro dia como senador.
O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), se mostrou aliviado com o recuo do PMDB. “É acertado, prudente. A decisão [de afastar os senadores] trouxe intranqüilidade ao Senado. É um respeito às indicações e à história desses dois senadores.” (Eduardo Militão e Rodolfo Torres)
Atualizada às 11h41