Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, garantiu que dos R$ 503,9 bilhões de investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 384 bilhões serão bancados com dinheiro público do Orçamento da União, das estatais federais e de financiamentos de bancos oficiais. “É dinheiro público direto na veia", disse a ministra.
Durante a entrevista, concedida aos jornalistas Valdo Cruz e Pedro Dias Leite, Dilma admitiu ajustes nos gastos públicos se o país não crescer 5%. "Ninguém administra um país de olhos vendados". Ela afirmou, no entanto, que, se isso ocorrer, o programa não ficará comprometido. "Dá uma redução da dívida [pública] menor, mas continua consistente."
Dilma fez questão de dizer que o governo não vai transformar o PAC num "balcão de negociação". A ministra informou que o programa deve sofrer alguns "ajustes na margem".
Confira alguns trechos da entrevista:
Decisão do Copom e PAC
“O que acho muito positivo na decisão é mais o sentido dela do que o tamanho. O que importa é que mantém a tendência de queda da taxa de juros. O processo teve continuidade, talvez uma pequena desaceleração”.
Críticas dos governadores ao PAC
“Antes do PAC, falei com vários governadores. Achei uma coisa muito curiosa: todos os pleitos coincidiam com o que estava no PAC. Eram os nossos. É muito difícil tamanha dissintonia entre o que é necessário numa região, entre o governo federal e o estadual. E eu quero crer que, na grande maioria dos estados, são as obras prioritárias possíveis. Porque são aquelas que são factíveis no curto e no médio prazo. Algumas podem ser importantes, mas terá de ter projeto. Temos recursos escassos”.
Mudanças no PAC
“Para ter mudança, algo tem de sair. A hipótese de que está tudo aberto para ser negociado não fecha na realidade. Tenho a orientação clara do governo no sentido de dizer que não estamos abertos a negociações desse tipo. O PAC não é uma lista de obras”.
PAC fechado a ajustes
"Está fechado a ajustes. A estrutura do PAC tem uma lógica, a de que estamos trabalhando com recursos escassos. Para incluir qualquer coisa, outra tem de sair. Como acho que sempre é possível um reajuste na margem, não vou dizer que não pode tirar um projeto lá. Agora, da forma como estava sendo dito, que estava aberto a negociação, não é um balcão de negociação, é um programa. São ajustes muito na margem".
Investimentos previstos no PAC
“Fiz uma conta, conservadora, que mostra que, nos quatro anos, de dinheiro público, entre orçamento fiscal, estatais e financiamentos de bancos oficiais, dá R$ 383,62 bilhões. União pura, dinheiro público direto na veia. Numa conta conservadora, é no mínimo 76%. É bem mais do que estávamos investindo, antes, no primeiro mandato, tínhamos todas as dificuldades”.
O PAC e a era Palocci “O Palocci deu uma grande contribuição ao país. No início do governo Lula, o país estava numa situação de absoluto desequilíbrio. Todo mundo apostava que a gente ia desta para melhor. O mérito do Palocci foi ter construído as condições para darmos esse passo. Estranho seria que, hoje, com uma situação melhor, repetíssemos a receita de 2003”.
Política econômica
“Nós não estamos mudando a política econômica, estamos mudando é a realidade. Nós superamos uma fase que nos permite adotar uma nova receita”.
Era Dilma
“Isso é uma tentativa de diminuir o PAC. Ele não é um produto de uma pessoa, mas de um governo, uma obra coletiva, uma obra do governo”.
Terceiro mandato de Lula
“Está fora de cogitação”.