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Congresso em Foco
16/11/2006 | Atualizado às 23:54
Sylvio Costa
Em declaração recente, o presidente Lula afirmou não ver razões para o seu partido criar problemas na formação do seu segundo governo. Afinal, declarou ele aos jornalistas, "o PT já tem o presidente da República".
A intensa movimentação dos petistas ao longo de todo o dia de hoje sinaliza que Lula provavelmente subestimou a extraordinária vocação que seus correligionários possuem para lhe colocar em situações embaraçosas. Por imposição do cargo, o presidente nacional do PT, Marco Aurélio Garcia, se transformou no principal porta-voz das pressões da legenda.
Certo de que lhe caberá uma participação relativamente menor no segundo governo Lula, o PT tenta reduzir ao máximo a perda de postos-chave na administração federal. Tais ações não se inspiram apenas no desejo de hegemonia comum a todas agremiações partidárias. São movidas, sobretudo, pela busca de uma engenharia política complexa, capaz de satisfazer as diversas tendências ideológicas e os diferentes grupos regionais de um partido sabidamente heterogêneo.
Resta saber se a fome por cargos levará os petistas a repetirem o erro que foi fatal no primeiro mandato de Lula. Como se sabe, no governo que ora vive suas últimas semanas de mandato, o PT concentrou enormemente os poderes, deixando as migalhas para os partidos aliados, cuja fidelidade foi às vezes garantida por meio de um fisiologismo sem nenhum disfarce. Foi assim que começou a história do famoso mensalão...
Ao se pronunciarem hoje sobre o tema, que foi o principal assunto do dia em Brasília, poucos foram os líderes petistas que deram demonstrações de sensatez. Exceção à regra foi o senador reeleito Tião Viana (PT-AC), para quem "o importante é que o presidente consiga o melhor para a coalizão, o que traduz desprendimento do espaço de poder por qualquer partido".
Lula também dá sinais de que resistirá às pressões do PT. Seu maior interesse parece ser mesmo a ampliação da sua base de apoio no Congresso. Prova disso é que o presidente decidiu convidar oficialmente o PDT a participar do seu segundo mandato, tentando ampliar assim um comboio em que já tomaram seus assentos o PSB, o PP, o PTB, o PL, o PRB e o PCdoB e no qual o PMDB está perto de embarcar inteiro e de mala e cuia.
Não faltam, contudo, arestas a aparar. Uma delas envolve a disputa pela presidência da Câmara, pleiteada pelo PT, embora o partido tenha perdido para o PMDB a condição de maior bancada da Casa. Uma solução de consenso poderia ser a união em torno do atual presidente, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que tem prestígio com Lula e bom trânsito em quase todas as legendas (inclusive as de oposição). O problema é convencer os deputados petistas a aceitá-la.
Veja, abaixo, os principais lances da movimentação dos petistas hoje, tais como noticiados no acompanhamento feito em tempo real pelo Congresso em Foco. As notícias reproduzidas a seguir também tratam da discussão da aliança com o PMDB, que deverá ser o principal parceiro do PT na segunda gestão de Lula.
Ao lado do título de cada nota, informamos o horário em que ela foi publicada neste site:
06:10 - Lula decide "institucionalizar" diálogo com o PMDB
O presidente Lula decidiu chamar o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e a Executiva Nacional do partido para ampliar sua interlocução com os peemedebistas, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. A idéia é acalmar os ânimos da maior bancada da Câmara e abrir uma negociação "institucional" com a legenda, como defende Temer.
De acordo com matéria de Cida Fontes e Christiane Samarco, parte da bancada na Câmara não admite que a interlocução do Planalto com o partido se restrinja ao trio composto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo senador José Sarney (AP) e pelo deputado Jader Barbalho (PA). Anteontem, Temer criticou publicamente Lula por manter "conversas de natureza pessoal, em detrimento da relação institucional com o PMDB".
"Sugeri ao presidente que busque trazer todo mundo, oferecendo a todos condições de conversar com dignidade", diz o deputado Geddel Vieira Lima (BA), salientando que todos os grupos estão representados na Executiva. Ele, o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), e o ministro Tarso Genro acreditam que no encontro da próxima semana Lula deverá apresentar aos peemedebistas as principais medidas que pretende submeter ao Congresso no segundo mandato.
Só a partir dessa iniciativa Lula começará a definir o espaço do PMDB no governo. No momento, a sigla enfrenta a divisão interna e ainda está em guerra aberta com o PT por cargos na Esplanada dos Ministérios. No encontro, Temer também levará ao Planalto uma posição dos sete governadores peemedebistas eleitos, que se reúnem amanhã, em Florianópolis. Apenas dois deles apoiaram Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição presidencial.
06:30 - PT discute com Lula participação no segundo governo
Integrantes da cúpula petista se reúnem hoje com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, para definir como será o relacionamento do partido com o governo no segundo mandato. Além de reivindicar a manutenção do espaço da legenda dentro da administração federal, os petistas esperam que o encontro sirva como primeiro passo na correção das falhas de comunicação entre o governo e a bancada do partido no Congresso.
"Não vamos pedir cargos nem emprego para as pessoas, mas é evidente que, se todos os partidos estão se posicionando, o PT também precisa se posicionar", afirmou o deputado federal eleito Jilmar Tatto (SP), em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Se o PT é o principal partido do país, tem o presidente e uma bancada forte na Câmara, é claro que tem de ser dado a ele um tratamento correto", completou.
O PT controla atualmente 15 dos 34 ministérios. Desde a reeleição, Lula tem dito que pretende ampliar o espaço de aliados, sobretudo o PMDB, no novo mandato. No início desta semana, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), cobrou mais atenção do presidente em relação à bancada e reivindicou para o partido a liderança do governo na Casa, agora nas mãos do peemedebista Romero Jucá (RR).
O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, procura amenizar as divergências, alegando que esse tipo de assunto não será discutido na reunião, prevista para as 11h. "O governo nunca esteve exposto a uma artilharia do PT, mas de alguns petistas", observou.
"Nosso diálogo com o presidente foi intenso na eleição e queremos que isso seja restabelecido", disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, a deputada Maria do Rosário (RS), uma das vice-presidentes do PT.
14:40 - PT não quer PMDB com mais de três ministérios
A Executiva Nacional do PT esteve hoje (16) com o presidente Lula para discutir a possibilidade de ampliação do espaço do PMDB no governo. O PT atualmente detém o comando de 15 dos 34 ministérios.
Para os petistas, o PMDB deveria se contentar com os três ministérios que já comanda (Saúde, Minas e Energia e Comunicações).
Além da distribuição de cargos no Executivo, a legenda também discutiu a liderança do governo no Senado, pois a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) afirmou na semana passada que pedirá a "devolução" do posto, que agora é ocupado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). (Renaro Cardozo)
14:51 - Cabral não participará de reunião do PMDB
A reunião entre os governadores peemedebistas, amanhã, em Florianópolis, não terá a participação de todos os representantes do partido. O governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, disse que não irá à Santa Catarina porque prefere a realização do encontro em um local neutro. "Troquei idéias com o governador Paulo Hartung (ES) e achamos que era de melhor conveniência para o início da busca da unidade que a reunião fosse em Brasília", disse Cabral.
O anfitrião do encontro, o governador reeleito Luiz Henrique, foi aliado de Lula nas eleições de 2002. Neste ano, porém, aliou-se ao PSDB e ao PFL e fez campanha para o tucano Geraldo Alckmin na disputa presidencial.
15:30 - "PT aceita governo de coalizão", diz Marco Aurélio
O presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, afirmou, depois da reunião ocorrida nesta tarde entre a Executiva Nacional do partido e o presidente Lula, que a legenda é favorável à formação de um governo de coalizão.
"O tamanho da participação do partido no governo não se mede com fita métrica, com aritmética vulgar, é através de um conjunto de fatores. A participação se mede pelo engajamento do governo com as políticas defendidas pelo partido e nesse sentido nós nos sentimos representados", disse.
Além disso, Garcia ressaltou que, no encontro, disse a Lula que o PT defende "o governo de coalizão". "E entendemos que o partido deve ter o espaço necessário levando em conta que foi o partido mais votado", comentou Garcia, referindo-se ao PMDB, que seria um dos principais beneficiados pela decisão. (Renaro Cardozo)
17:35 - "Lula agora quer propostas e não nomes", diz Ideli
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), afirmou hoje (16), depois da reunião ocorrida entre a Executiva Nacional do partido e o presidente Lula, que a prioridade do Planalto nesse momento é definir bem as propostas, e não, a formação do próximo governo.
"O presidente Lula deixou bem claro que não tem emergência de definir nomes. O que ele quer agora é ter bem alinhadas as propostas e diretrizes para o segundo mandato e montar o governo de coalizão que irá ajudá-lo a viabilizar as propostas do novo governo. Em decorrência disso virão os nomes", ressaltou.
Segundo a senadora, Lula disse que diferente de 2003, quando teve que tomar posse com toda a equipe montada, agora pode definir os nomes antes ou depois do dia 1º de janeiro, sem pressa para fazê-lo.
Sobre a presença do PMDB no próximo mandato, de acordo com a petista, Lula afirmou que o partido "terá uma participação importante no segundo governo". (Renaro Cardozo)
18:30 - Tião Viana diz que é legítimo o PT cobrar cargos
O senador Tião Viana (PT-AC) disse nesta quinta-feira que é legítimo os petistas reivindicarem mais espaço na montagem do segundo governo do presidente Lula. Ele afirmou, no entanto, que o presidente precisa ter liberdade para compor a equipe ministerial do próximo mandato.
"O importante é que o presidente consiga o melhor para a coalizão, o que traduz desprendimento do espaço de poder por qualquer partido", disse ele. Viana reuniu-se hoje com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O encontro, porém, segundo o senador, foi para falar da situação de uma empresa estatal do Acre e não da composição do novo governo. (Diego Moraes)
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