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Pressionado e constrangido, Renan afirma que não sai

3/7/2007
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Foram duas horas de extremo constrangimento, como poucas vezes se viu na história do Congresso Nacional. O presidente do Senado, acuado e constrangido, ouvindo de seus pares que ele deveria licenciar-se do cargo.

Assim se portou Renan Calheiros (PMDB-AL) na sessão que presidiu nesta terça-feira no Senado. Para seus aliados, um gesto de enorme grandeza, já que ouviu tudo e a todos, democraticamente e sem nenhum tipo de censura. Para a oposição, uma certa perplexidade diante de sua teimosia de se afastar do cargo.    

Renan estava visivelmente desconfortável. Balançava a cadeira em que estava sentado de um lado para o outro; olhava para cima, para um lado, para o outro. Conversou ao telefone algumas vezes, inclusive com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que estava logo abaixo, sentado nas primeiras fileiras do plenário.     

Foram mais de duas horas de discursos e apartes. O primeiro foi o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, que tentou explicar o motivo de seu partido ter pedido o afastamento de Renan da presidência (leia mais).

A tropa de choque reagiu, defendo o modus operandi de todo o processo contra Renan Calheiros. “O fato de o processo estar em andamento não quer dizer culpa”, disse o líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO).

Em suas poucas intervenções, Renan reafirmou que permanece sentado na cadeira da presidência. Chegou a perguntar: “Queria saber qual a acusação que paira sobre o presidente do Senado?”, como se tivesse se referindo a outra pessoa e toda a crise não o envolvesse. 

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) o lembrou: suposta quebra de decoro parlamentar. O presidente do Senado respondeu que trata-se de um “processo político”, movido por questões “político-partidárias”.

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que na semana passada já havia feito um contundente discurso pela licença de Calheiros, rebateu a queixa, negando que a vontade de se investigar o seu colega alagoano esteja relacionada a questões políticas ou partidárias. “[Isso] pode estar na cabeça do presidente do Senado ou na cabeça desarrumada do presidente da República”, disse.

“Com as forças de Deus e a presunção de minha inocência, continuarei presidindo o Senado”, declarou Renan Calheiros. Bem acima dele, no alto da Mesa Diretora, ilustrava a cena uma imagem de Cristo crucificado e o busto de Rui Barbosa, um dos símbolos maiores do Congresso brasileiro. (Lucas Ferraz)       

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