Os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Augusto Carvalho (PPS-DF) vão protocolar amanhã (13), na Mesa Diretora da Câmara, o requerimento que pede a criação de uma CPI mista, formada por deputados e senadores, para investigar a suspeita de envolvimento de parlamentares no esquema que fraudava licitações e desviava recursos públicos, desbaratado pela Polícia Federal (PF) na Operação Navalha.
Até o momento, 172 deputados já assinaram a lista (um a mais que o mínimo necessário), enquanto no Senado a comissão parlamentar já conseguiu o apoio de 29 senadores (dois a mais do que o mínimo). A contagem inicial de Delgado e Carvalho era de 173 assinaturas na Câmara, mas um nome estava ilegível.
Segundo Júlio Delgado, está difícil conseguir pelo menos mais dez assinaturas de deputados, mas ele aguarda, conforme lhe foi prometido, o apoio integral do PMN e DEM. Da primeira legenda, apenas Sílvio Costa (PE) assinou a lista – faltam outros quatro. Já na segunda, o líder Onyx Lorenzoni (RS) encontra dificuldades para conseguir mais nomes, principalmente de congressistas da Bahia, Sergipe e Maranhão, estados onde atuava a Gautama, investigada pela PF.
Há ainda a suspeita de envolvimento no esquema de deputados do próprio DEM, como é o caso de Paulo Magalhães (BA), sobrinho do senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), acusado pela Polícia Federal de receber propina de Zuleido Veras, dono da Gautama.
O governo trabalha para retirar assinaturas da lista – se for protocolada na Mesa, os arrependidos terão que ir pessoalmente a ela fazer o pedido. O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), afirmou ao Congresso em Foco que o trabalho pela retirada de apoio está se concentrando nos partidos, mas ele deixou claro que há uma pressão da base governista para evitar a criação da comissão de inquérito. (Lucas Feraz)