Contrariando parte da bancada do partido no Congresso, a Executiva Nacional do PT decidiu fechar questão a favor do voto em listas partidárias, previsto no projeto da reforma política.
Pela proposta, o eleitor passará a votar no partido, e não mais no candidato. Serão eleitos aqueles que figurarem nas primeiras posições das listas. A decisão da Executiva deve ser referendada na próxima quinta-feira, em reunião com os deputados.
“O PT não libera a bancada nesta questão. O partido tem de ter uma opinião clara sobre a reforma política”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário de Comunicação da Executiva, Gleber Naime.
A decisão da Executiva pode abrir uma dissidência na legenda. É que os parlamentares que desrespeitarem a decisão do partido poderão ser punidos, a exemplo do que ocorreu, em 2003, com a então senadora Heloísa Helena (AL) e outros três deputados, expulsos do PT por terem votado contra a reforma da Previdência.
Na quinta-feira, o partido também pretende declarar apoio a outros quatro pontos sobre os quais há consenso: o financiamento público, a fidelidade partidária, o fim das coligações proporcionais e a adoção da cláusula de barreira.
Os cinco pontos são considerados os principais temas da reforma política, que começa a ser discutida pelo Plenário da Câmara esta semana. Cerca de 30 dos 82 deputados petistas são contra o voto em lista. O dispositivo também divide os demais grandes partidos.
Os críticos das listas preordenadas alegam que ela dificulta a renovação de lideranças e dá força excessiva à máquina partidária. Já os seus defensores vêem nela o fim da infidelidade partidária, já que o mandato será do partido, e não do candidato, e a consolidação dos partidos políticos no país, responsáveis pela definição das listas.
Dos 513 deputados eleitos em outubro, apenas 31 tiveram voto para se eleger sozinhos. No PT, apenas os baianos Walter Pinheiro e Nelson Pelegrino não precisaram de votos da legenda para conquistar o mandato. (Edson Sardinha)