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Cinema e política

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28/4/2007 | Atualizado às 20:31

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Rodolfo Torres


 
A atmosfera, o contexto, o roteiro, e diversos outros acessórios da CPI do Apagão Aéreo, que será instalada na Câmara na próxima quinta-feira (3), têm ares de um filme de Fellini. O diretor italiano conseguiu, mais do que qualquer outro cineasta, trazer para as telas aspectos pessoais, subjetividade, nenhum compromisso com explicações lineares e metódicas, e uma poesia rara e exclusiva na sétima arte.

Existe uma campanha milenar para tentar nos convencer de que o cinema, assim como quase tudo nesta vida, exige uma explicação, um mínimo de sentido. Ledo engano. Federico Fellini levou aos seus filmes algumas de suas memórias mais profundas, confessou as suas impotências, revelou até certo ponto o seu lado reacionário, exprimiu que o reino encantado de todas as coerências, deve ser muito enfadonho.

E onde a CPI do Apagão Aéreo entra nessa história? Esta CPI, que deve seguir o mesmíssimo roteiro das demais, não deve trazer resultados práticos. Não pela falta de esforço ou de preparação dos parlamentares envolvidos. Prova disso é que um grupo deles recorreu ao Supremo Tribunal Federal para que ela pudesse aflorar. A abertura da comissão também revela o realismo fantástico do nosso sistema aéreo: a greve dos controladores de vôo, as esperas massacrantes em aeroportos, a tradicional prática do overbooking, etc...

Talvez ainda não estejamos preparados para entender os mistérios das atividades do Congresso. E por lá o mistério é tão profundo que algumas vezes nem mesmo os próprios parlamentares conseguem entender o que se passa. Ora, se os parlamentares não entendem completamente o funcionamento daquela estrutura, imaginem nós, os jornalistas, os que vivem de traduzir o incompreensível?

Um dos filmes de Fellini, “E La Nave Va”, apresenta um jornalista que embarca em um navio para acompanhar o enterro de uma famosa cantora de ópera. Eis o que fala o colega no início da obra: “Mi dicono: ‘Fá la cronaca, racconta quello che succede!’. E chi lo sa quello che succede?”. Traduzindo: “Dizem: ‘Faça a crônica, conte o que acontece!’. Mas quem é que sabe o que acontece?”

Eis uma verdade. Não há quem saiba o que realmente acontece. Seja na política, no sistema aéreo ou no cinema. Talvez a colossal falta de sentido da política brasileira possa desencorajar muitos cineastas a tentarem retratar este tema. Para a elaboração de um filme, exigem argumento, nexo, sentido, lógica. Mas isso é uma bobagem, principalmente quando o tema é incompreendido. Sim, o mistério também existe para ser exaltado.

Conheço alguma coisa de Fellini. Nada que possa me credenciar como um especialista no assunto. Considero-me apenas um profundo admirador do diretor que não priorizou as narrativas lineares, nem se tornou prisioneiro dos roteiros; um diretor latino, que construía seus filmes como todos nós montamos nossos sonhos enquanto dormimos.

O cinema brasileiro carece de mais Fellini. Principalmente o cinema político brasileiro (termo que está absolutamente fora de moda). Hoje, a tecnologia barateou a produção, o custo não é mais impossível, o acesso ao audiovisual nunca foi tão amplo. E onde está este nosso confuso tempo político nas telas dos cinemas?

Que os cineastas aprendam que a política é sempre um grande tema. No Brasil então, a política é o grande tema por excelência. E a coerência, a lógica, e tudo que pode nos afastar da fantasia não devem fazer obrigatoriamente parte do cinema. Nem da política.

“Acredito em tudo o que me dizem. Adoro ouvir falar de coisas extraordinárias. Não há limites para a minha capacidade de maravilhar-me. Não me sinto enfastiado para nada. Ao contrário, tomo cuidado para não entorpecer as possibilidades da imaginação. Quanto a organizar tudo isto, não é comigo. Meu mundo é confuso e mutável. Certamente não sou um gênio do pensamento. Reivindico o direito de contradizer-me. Não quero privar-me do direito de dizer bobagens e peço, humildemente, que me seja permitido enganar-me algumas vezes”. (Federico Fellini)

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