Quase uma semana depois de ser derrotado na disputa pela presidência da Câmara, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) afirmou, em entrevista ao jornal
Folha de S. Paulo, que atribui a vitória do petista
Arlindo Chinaglia (SP) ao “apoio da cúpula da maioria dos partidos da base do governo”. “Houve também algum nível de apoio de ministros ligados ao PT e de ao menos um governador de um estado importante, como São Paulo”, ressaltou.
Ao ser questionado sobre qual ministro teria uma participação crucial no resultado da eleição, Aldo apenas respondeu que “o nome do santo não é o mais importante”. “Importante é que se operou um milagre”, disse.
O deputado comunista ainda declarou que, se houve realmente a oferta de cargos e de outras vantagens em nome da vitória de Chinaglia, o método usado pelo adversário foi “condenável”.
Aldo também negou que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tenha proposto que ele renunciasse à disputa. “Não, na visita da ministra não houve proposta de renúncia nem a ministra insinuou qualquer tipo de atitude que não fosse a de respeitar as duas candidaturas”. Entretanto, acrescenta, “no final da eleição, eu não tenho a convicção se essa atitude foi mantida”.
O parlamentar disse ainda que não tem como confirmar se Dilma ligou para outros deputados pedindo votos para Chinaglia. “Apenas os deputados que receberam essas ligações podem falar sobre esse assunto. Não acredito que ela tenha pedido voto”, afirmou.
Sobre o que muda na relação com o governo que não o apoiou durante a disputa, o ex-presidente da Casa comentou que a relação dele “é a do bloco parlamentar que apóia o governo”. “O que marca a nossa relação é uma maior independência de projetos e de atitudes em relação ao PT”, respondeu.
Quanto ao presidente Lula, Aldo ressaltou que não se sentiu abandonado pelo chefe máximo do país. “Ao menos, o presidente manifestou publicamente a sua atitude de respeito às duas candidaturas”.
Ao ser questionado sobre o que fará caso Lula o convide para assumir algum ministério, a resposta do deputado foi: “Eu creio que não é conveniente discutir iniciativas que são próprias da esfera do presidente. Dizer que aceitaria pareceria a busca de uma compensação pela perda da Câmara. Dizer que não aceitaria teria o sentido de uma grosseria, algum tipo de ressentimento. Essas coisas também nunca são decisões pessoais. Eu integro um partido, um bloco de parlamentares que dispõe de quadros experientes”.
Por fim, Aldo afirmou que o bloco tem disposição para disputar a eleição para presidente da República em 2010. “O nosso compromisso é com o governo Lula, não é com o PT”, finalizou.