O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou hoje que pode restringir o acesso de integrantes da comissão aos inquéritos da máfia das ambulâncias para evitar o vazamento de informações. Os processos, contra 15 congressistas acusados de envolvimento na máfia das ambulâncias, correm sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) e devem chegar à CPI até quinta-feira.
O segredo de Justiça foi decretado pelo relator do caso no Supremo, ministro Gilmar Mendes. Ele relutou em abrir as informações aos congressistas temendo o vazamento dos dados para a imprensa. Caso isso ocorra, a comissão pode ser responsabilizada criminalmente. Hoje, porém, Biscaia reconheceu que será difícil impedir a divulgação de informações dos inquéritos.
"Todos sabemos que será muito difícil (não vazar), mas vamos buscar alguma forma. Uma alternativa poderia ser restringir o acesso a um grupo de deputados, como aconteceu na CPI dos Correios", afirmou.
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), cobrou dos integrantes da comissão que o sigilo dos inquéritos seja mantido. "Se há determinação para que seja mantido em sigilo a lei tem que ser cumprida", disse.
Logo depois de desbaratada a quadrilha dos sanguessugas, quando a Corregedoria da Casa iniciou uma investigação, Aldo criticou a divulgação de nomes de supostos envolvidos na fraude e pediu que a imagem deles fosse resguardada. Ele disse temer novamente a exposição de parlamentares sem que as investigações tenham sido concluídas.
O Supremo apura o envolvimento de 15 congressistas na venda de ambulâncias superfaturadas com recursos da União. Na semana passada, o Ministério Público solicitou a abertura de inquérito contra outros 42 suspeitos, o que pode elevar o número de investigados para 57, caso o STF aceite todos os pedidos.