O PSDB e o PFL vão contestar na Justiça Eleitoral o uso do cadastro do Bolsa-Família na campanha do presidente Lula à reeleição. Eles acusam o petista de usar a relação de famílias beneficiadas pelo programa para fins políticos, o que é vedado pela legislação eleitoral.
Segundo os oposicionistas, aliados do PT têm convidado pessoas atendidas pelo programa para os eventos em que Lula comparece. A utilização desses nomes para formar um grupo de apoio ao petista foi usada na convenção que homologou a sua candidatura, no último sábado.
"O cadastro não é de Lula, é do governo, está, portanto, incluído na mesma linha da proibição da máquina pública", criticou o senador José Jorge, candidato à vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin à Presidência da República.
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse que a iniciativa se junta a outras adotadas pelo presidente que vão de encontro ao que determina a legislação. "Não é possível ele continuar, diariamente, cometendo crimes contra a Justiça", acusou.
Antero disse que Lula não uma pessoa desavisada e, sim, utiliza uma tática para jogar os eleitores contra o Judiciário e o Legislativo. Prova disso, segundo o parlamentar, é a iniciativa do governo de reajustar salários dos servidores a menos de 180 dias das eleições, atitude criticada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Reportagem publicada ontem pela Folha de S. Paulo, mostrou que, em um único mês, cerca de 1,8 milhão de famílias tornaram-se beneficiárias do Bolsa Família e receberão o benefício até o quinto dia útil de julho. Ao menos 1 milhão dessas famílias não recebia por nenhum outro programa federal de transferência de renda até maio. O número de famílias incluídas no principal programa do governo Lula em um único mês, a pouco mais de 90 dias da eleição presidencial, contrasta com o ritmo de crescimento do programa desde outubro de 2003, quando o benefício foi criado.