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Congresso em Foco
24/4/2006 | Atualizado às 23:14
Dono de um grupo de empresas que faturam anualmente R$ 1 bilhão e empregam 5 mil funcionários, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) é um parlamentar de atuação discreta no Congresso. De fevereiro de 2003 pra cá, não subiu sequer uma vez à tribuna para discursar. Dos 16 projetos de lei que apresentou em 15 anos de atuação na Câmara, apenas um ainda tramita na Casa. Os demais foram arquivados.
Apontado pelo empresário Marcos Valério como o segundo maior beneficiário dos recursos repassados por ele a pedido do PT, Vadão aposta mais uma vez na discrição para não perder o mandato.
O destino do deputado começa a ser traçado hoje, quando está prevista a apresentação do relatório do deputado Moroni Torgan (PFL-CE) no Conselho de Ética. Segundo o empresário mineiro, Vadão teria recebido em dinheiro R$ 3,7 milhões, em duas parcelas, nos dias 5 de julho e 16 de agosto de 2004, em um hotel em São Paulo.
A cifra só é superada pelo valor atribuído ao ex-líder do seu partido, o deputado José Janene (PP-PR), acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões do valerioduto. Apesar dos valores, o processo contra Vadão correu sem grandes alardes, tanto da parte da defesa, quanto da acusação. Além da discrição, o deputado tem a seu favor mais um trunfo: o nome dele não aparece na lista de 40 nomes encaminhada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito do mensalão.
Fornecedores mantidos
"Sou um deputado de ação discreta e voto de forma independente. Não participo de ações partidárias, não faço articulação, discursos ou encaminhamentos", disse o deputado, ao negar qualquer envolvimento com o mensalão, durante depoimento ao Conselho de Ética.
Na ocasião, ele ressaltou ainda que, apesar das denúncias de corrupção, sua imagem não foi abalada. Empresário e pecuarista bem-sucedido, ele disse que conseguiu manter todos os seus fornecedores. "Todos acreditam em minha inocência", reforçou. Vadão é dono do frigorífico Frigoestrela, da empresa Vadão Transportes e da Rádio Alvorada, em Estrela d'Oeste (SP), reduto eleitoral do parlamentar. O Oeste paulista é responsável pela maioria dos 108 mil votos que ele recebeu nas eleições de 2002.
Em sua defesa, ele alegou que é inocente e que não estava em São Paulo nos dias em que Valério afirma ter feito o pagamento do dinheiro. O deputado apresentou planos de vôos e testemunhas. Afirmou que, em 5 de julho, esteve em Itarumã (GO), viajou para Brasília e retornou no dia 8 a Votuporanga (SP). Disse que visitou, já no dia 16 de agosto, as cidades de Mineiros (GO) e Fernandópolis (SP).
Ligações
Dados obtidos pela CPI dos Correios indicam, no entanto, que os telefones do deputado receberam ligações de Marcos Valério e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em junho de 2004. Vadão garante que não conversou com os dois, mas admite que seus assessores recebiam ligações das agências do empresário mineiro.
"Todas elas foram atendidas pelos meus assessores e não foram repassadas para mim. Não queria tratar com Delúbio de assuntos que já conversava com o José Genoino (ex-presidente do PT). E o Marcos Valério, para mim, era alguém que oferecia serviços comerciais. Não costumo atender esse tipo de ligação", defendeu-se.
Para o deputado do PP, o seu nome foi incluído na lista de Marcos Valério para encobrir repasse para outras pessoas. "Foi uma armação", disse, sem revelar os autores da suposta trama. A defesa dele, porém, parece não ter convencido plenamente o relator. "Se foi uma armação, tudo estaria sendo planejado desde 2004? As ligações para o celular de Vadão comprovadas pela quebra de sigilos foram feitas perto das datas da entrega do dinheiro", contestou Moroni Torgan.
Maluf
Presidente do diretório paulista do PP, Vadão já foi aliado do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que o ajudou a chegar à presidência nacional da legenda, em 1995. Em 2002, Maluf fez duas doações à campanha do deputado. Os dois hoje, porém, travam uma disputa interna dentro do partido. Vadão articulou a retirada da candidatura de Maluf à prefeitura de São Paulo em 2004. A CPI dos Correios chegou a investigar se o dinheiro, supostamente recebido pelo deputado, teria tido como destino a campanha eleitoral do ex-prefeito paulistano. A comissão, porém, terminou seus trabalhos sem apresentar qualquer conclusão nesse sentido.
Vadão já foi investigado pelo STF, acusado de envolvimento em desvio de dinheiro público do Departamento Nacional de Cooperativismo e Associativismo (Denacoop), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. "Eu fiz a denúncia e o procurador me incluiu como indiciado. Só posso crer que fui vítima de uma estratégia adotada por meus adversários políticos, porque nunca fui ouvido durante todo esse tempo", disse ao Congresso em Foco, em reportagem publicada pelo site no ano passado.
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