A votação do processo de cassação do mandato do deputado Vadão Gomes (PP-SP), prevista para esta terça-feira no Conselho de Ética da Câmara, pode ser adiada. O relator do processo, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), diz que não conclui seu parecer sem um documento que considera essencial.
Torgan quer receber dados sobre os trajetos do avião de Vadão, que podem indicar se a versão do empresário Marcos Valério de Souza é verdadeira ou não. Marcos Valério afirmou à Polícia Federal que o deputado Vadão Gomes recebeu R$ 3,7 milhões do mensalão, em duas parcelas e em dinheiro vivo.
Vadão alegou que não estava em São Paulo nos dias em que Valério afirma ter feito o pagamento do dinheiro. No primeiro dia, quando Valério alega ter entregue R$ 1 milhão para o deputado, ele argumenta que viajou em seu avião particular de Itarumã (GO) para Brasília. No segundo dia, quando Valério teria repassado R$ 2,7 milhões, Vadão disse que estava em Mineiros (GO), acompanhando um grupo de empresários.
No último dia 4 de abril, Torgan pediu informações sobre a localização do avião nos meses de julho e agosto de 2004, mas Vadão não encaminhou as respostas até agora. A expectativa é de que Torgan recomende a cassação do mandato de Vadão por quebra de decoro parlamentar.
Novo Conselho
A votação do processo contra Vadão será a primeira conduzida pelo novo Conselho de Ética. Há duas semanas, seis deputados se afastaram do órgão em protesto à seqüência de absolvições feitas pelo plenário da Câmara de parlamentares acusados de se beneficiar com o valerioduto.
Apesar da ameaça de não indicar novos representantes, PSDB e PPS recuaram e já indicaram nomes para o preenchimento das vagas. O PSDB terá Antonio Carlos Mendes Thame (SP) e Affonso Camargo (PR) no órgão. O PPS manterá o deputado Cláudio Magrão (SP). Como suplente, o partido indicou o deputado Raul Jungmann (PE). Magrão renunciou, mas voltou atrás e retomou a vaga.
Segundo o líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), o partido se manteve no Conselho motivado pela decisão do presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), de incluir na pauta do plenário o projeto que acaba com o voto secreto.