O senador Tião Viana (PT-AC) encaminhou à Mesa Diretora do Senado um requerimento em que solicita a quebra total do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, de janeiro até agora. O petista disse que, além da conta poupança - cujo sigilo foi divulgado pela imprensa na semana passada sem autorização da Justiça -, quer eventuais informações sobre cartões de créditos e contas correntes do caseiro.
Viana argumentou que só assim cessarão as críticas de que o governo operou a divulgação de dados da conta poupança de Nildo na Caixa Econômica Federal para a revista Época na última sexta-feira. "É preciso que a verdade mostre que ele (Francenildo) é um homem de bem, que não recebeu dinheiro de ninguém (para fazer as denúncias)", disse.
Pouco depois de encaminhado o pedido, Nildo telefonou, a cobrar, para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e disse-lhe que estaria disposto a abrir seus sigilos. Em seguida, fez um apelo. "Espero que os ricos que estão sendo investigados façam o mesmo", relatou o tucano em plenário, sobre a conversa que teve há pouco com o caseiro.
O site da revista divulgou, com base em extratos bancários, que o caseiro recebera R$ 38 mil entre janeiro e março. No mesmo dia, Nildo convocou uma entrevista para falar do assunto e disse que havia recebido, na verdade, R$ 25 mil.
A oposição criticou o pedido de Viana, que na semana passada também encaminhara ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de liminar para suspender o depoimento do caseiro à CPI dos Bingos. "O sigilo já foi aberto. Querem abrir porta arrombada", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "O caseiro não cometeu crime algum, só o de denunciar o ministro da Fazenda (Antonio Palocci)", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).
Nildo ficou famoso ao revelar, no início da semana passada, que o ministro da Fazenda freqüentava a mansão alugada pela chamada "república de Ribeirão Preto" em Brasília para promover festas e repartir recursos levantados ilegalmente no município paulista. Segundo o caseiro, Palocci esteve mais de dez vezes na casa, que fica no Lago Sul, bairro nobre da cidade.