O deputado Cezar Schirmer (PMDB-RS) recomenda ao Conselho de Ética, neste momento, a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara João Paulo (PT-SP), por receber recursos do empresário Marcos Valério. Schirmer baseou o pedido de perda de mandato de João Paulo em dois pontos centrais: tráfico de influência e falta com a verdade.
O deputado teria favorecido a agência de publicidade SMP&B, de Valério, em uma licitação na Câmara. O relator também citou o intenso relacionamento entre os dois e a participação do petista em "várias subcontratações indevidas das empresas de Marcos Valério pela Casa".
Além disso, logo que surgiu seu envolvimento na CPI do Correios, João Paulo afirmou que sua mulher constava na lista de entrada da agência do Banco Rural em Brasília porque ela teria ido pagar uma conta de TV a cabo. Em seguida, ele mudou a versão. Disse que ela teria ido sacar R$ 50 mil das contas da SMP&B, que foram usados pelo deputado para realizar uma pesquisa de intenção de voto em Osasco, na Grande São Paulo.
Schirmer disse que, de todos os processos analisados até agora pelo Conselho de Ética, o caso do petista é o que tem mais fatos materiais contra o acusado. De acordo com o relator, não é crível que a contratação da SMP&B para auxiliar na campanha para a presidência da Câmara e o café da manhã realizado na residência oficial de João Paulo na véspera do saque dos R$ 50 mil não tenham nenhuma relação.
Em sua defesa, João Paulo alega que não sabia a origem do dinheiro e que achou que ele tivesse sido contabilizado pelo partido. Quanto à acusação de irregularidades nos contratos entre a Câmara e a SMP&B, o deputado disse que toda a prestação de contas referente a esses contratos está na internet para quem quiser conferir.
O advogado do petista, Alberto Toron, afirmou que seu cliente não tem nada a esconder e que não quis protelar o processo, por isso não arrolou nenhuma testemunha de defesa.
No momento reservado à sua defesa, João Paulo também reclamou que se sente condenado há um mês. "Em 6 de fevereiro, o jornal Folha de S. Paulo já dizia que eu seria cassado. Hoje, os jornais já dão até o placar da votação. Isso é um absurdo. Não admito que possa haver esse julgamento".
João Paulo pediu absolvição ao Conselho, dizendo que nunca quebrou o decoro parlamentar. "Eu nunca passei por uma situação tão constrangedora quanto essa. Eu não desejo essa situação para nenhum deputado. Isso é a destruição cabal do homem e, muitas vezes, da família. Isso eu vou levar para o resto da minha vida."