Reportagem da Folha de S.Paulo de hoje afirma que tucanos cogitam lançar o prefeito de São Paulo, José Serra, ao governo paulista nas eleições de outubro. A proposta, segundo a Folha foi apresentada a Serra no último final de semana. Ele teria ouvido calado e dito apenas que, por enquanto, ainda permanece na disputa para ser escolhido candidato do partido a presidente.
Defensores da estratégia argumentam reservadamente que a candidatura Serra ao governo paulista seria a única maneira de o partido manter o controle do Estado que governa há quase 12 anos, desde que Mario Covas foi eleito em 1994, já que Alckmin, apesar dos bons índices de aprovação, já foi reeleito uma vez, em 2002.
Ainda segundo os entusiastas da idéia nos dois grupos, o anúncio simultâneo das duas candidaturas reverteria imediatamente o desgaste do partido por conta da atual disputa, gerando o que chamam de "agenda positiva".
Segundo um cardeal tucano, é mais fácil explicar ao paulistano a saída de Serra da prefeitura para disputar o Estado, pois ele permaneceria na capital e estaria unido em torno de um projeto.
Os quatro nomes apresentados ao PSDB paulista até agora - José Aníbal, Aloysio Nunes Ferreira, Alberto Goldman e Paulo Renato Souza - patinam nas pesquisas de intenção de voto, muito atrás dos outros postulantes como Marta Suplicy (PT), Orestes Quércia (PMDB) e Aloizio Mercadante (PT).
O chamado "pacote Bandeirantes" oferecido a Serra viria acompanhado de um compromisso de Alckmin de, caso eleito, acabar com a reeleição. Dessa forma, uma vez vitorioso, o prefeito comandaria São Paulo por quatro anos e disputaria o Planalto em 2010.
Até o discurso de Fernando Henrique Cardoso ontem foi evocado pelos defensores da estratégia para defendê-la. O ex-presidente falou em "ousadia", o que seria a senha, segundo essa corrente, para a dobradinha.
Nos dois grupos - de alckmistas e serristas -, no entanto, a "tese do Bandeirantes" encontra resistências. Aliados do governador acham que a corda da disputa interna está esticada demais e que José Aníbal, hoje aliado de Alckmin, imporia problemas a Serra.
Já os partidários do prefeito dizem que, se for para correr riscos, Serra preferirá disputar o Planalto, ainda que não exista unidade do partido em torno de seu nome.
Os aliados do prefeito mais exaltados, por sua vez, falam que ele não aceitará "prêmio de consolação" se perder a indicação para presidente e que, se alguém tiver de fazer sacrifícios, deve ser Alckmin, permanecendo até o fim do cargo, trabalhando para eleger seu sucessor no Estado.