Os relatores devem concluir esta semana os processos de cassação dos deputados João Paulo Cunha (PT-SP), João Magno (PT-MG) e Pedro Henry (PP-MT). Nos três casos, a tendência é que o parecer seja pela perda do mandato dos acusados de terem recebido dinheiro do empresário Marcos Valério Fernandes. A votação no Conselho de Ética só deve ocorrer na próxima semana. "Se não houver pedido de vista, poderemos votar dois deles (esta semana)", diz o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP).
Tanto no processo de João Paulo quanto no de Henry, os relatores têm dificuldades para redigir o texto. No caso do ex-presidente da Câmara, o relator Cézar Schirmer (PMDB-RS) acusa a CPI dos Correios de reter documentos que não são sigilosos, como a lista de sacadores das contas do empresário Marcos Valério de Souza. João Paulo é apontado como destinatário de R$ 50 mil do esquema de Valério. Schirmer anunciou que encerrará a instrução mesmo sem os dados caso os papéis não cheguem até amanhã.
O ex-presidente da Câmara se defende dizendo que o dinheiro foi usado para pagar pesquisas em Osasco, e não como caixa dois de campanha, e que foi repassado por orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
No caso de Henry, o relator do processo, Orlando Fantazzini (PSOL-SP), tem sido acusado por deputados do PP de protelar o término do processo devido à dificuldade de encontrar provas que o vinculem ao esquema do mensalão. Fantazzini afirma que estava aguardando o depoimento de pessoas que teriam informações adicionais ao caso, como o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), e o atual líder do partido na Câmara, Mário Negromonte (BA).
Fantazzini deve alegar, em seu parecer, que Henry participava das reuniões para negociar a aliança do partido com o PT, que resultaram nos repasses de R$ 4,1 milhões, segundo cálculo de Valério.
Já o deputado João Magno (PT-MG) admite que recebeu R$ 426 mil do empresário mineiro para quitar dívidas de campanha. Os recursos, admite o petista, não foram declarados à Justiça Eleitoral.